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Paradoxo ou humano

“Eventualmente, a maioria de quem elege o radicalismo, está cansado da alternância entre os mesmos, enquanto os problemas e as dificuldades do dia a dia se mantêm ou até se agravaram”, escreve um leitor da Maceira.

"Mais de 50% dos norte americanos escolheram o que já conhecem, por isso, não foi um tiro no escuro"

No país de todos os sonhos, os valores da democracia voltaram a ceder.

Pela segunda vez Trump é eleito presidente dos Estados Unidos da América (EUA). Mais de 50% dos norte americanos escolheram o que já conhecem, por isso, não foi um tiro no escuro.

No entanto, julgo ser difícil identificar as principais razões para esta reeleição, ou talvez não. Trump fala de modo autoritário e desprezível, parece que não tem medo de nada nem de ninguém, que até levou um tiro numa orelha, tudo isto faz dele uma espécie de super-herói. Os americanos sempre gostaram de super-heróis.

Paradoxalmente, o país mais aberto ao mundo e de todas as liberdades, elegeu um presidente que prometeu acabar a construção do muro que separa os EUA do México, que pretende dificultar as importações de bens e serviços, que abandonou o Acordo de Paris para o clima e pretende continuar a investir nos combustíveis fósseis, que é xenófobo, que oprime os mais fracos, que inferioriza as mulheres e que chama burros aos seus opositores políticos. Possivelmente o impacto das suas ideias seria diferente nos seus comícios, não fosse o seu modo peculiar de as transmitir ao público.

Se por um lado, parece que a luta pelos valores democráticos deixou de ser um imperativo no mundo ocidental, por outro parece que o conceito mudou, quando alguns líderes radicais se dizem defensores dos mesmos. Uma realidade que baralha quem julgava ter as ideias bem definidas.

Como nos EUA, também na Europa alguns desses valores não desceram o monte e continua a ser necessário lutar por eles, mesmo aqueles que pareciam adquiridos.

Os ideais extremistas na Europa e concretamente no nosso país, têm vindo a subir de tom. Nas eleições legislativas de 2015 o Bloco de Esquerda (BE) teve o seu apogeu, ainda com Catarina Martins como porta voz do partido. Por essa altura, como diz o povo, o partido estava em todas.

Outros partidos de maior relevo andavam a reboque do BE que prontamente identificava muitos dos problemas que iam surgindo na sociedade, no entanto, as propostas para solucionar esses problemas na maioria das vezes não foram acolhidas ou nem se quer eram apresentadas.

Hoje, em Portugal e na Europa, o protagonismo extremista cabe à direita. O populismo da direita radical, no nosso país, acolheu 18% do eleitorado na últimas legislativas.

De qualquer modo, julgo que esta parcela bastante significativa dos portugueses não pretende ressuscitar o Estado Novo, que foi a sepultar em Abril de 1974, também não são lixo, como dizia Joe Biden em relação aos apoiantes de Trump.

Eventualmente, a maioria de quem elege o radicalismo, está cansado da alternância entre os mesmos, enquanto os problemas e as dificuldades do dia a dia se mantêm ou até se agravaram.

Por cá, não precisamos de nenhum super-herói, nem nos deslumbrarmos por caminhos sinuosos, apenas necessitamos de pessoas sérias e competentes que defendam os valores da democracia.

Rui Fernandes
Maceira, Leiria

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