Estefânia Surreira aprendeu a ler histórias em voz alta e a narrá-las, descobrindo que elas se tornam reais no momento mágico da partilha com o outro. Cristina Taquelim, pioneira em Portugal na defesa do conto tradicional de transmissão oral, segue a máxima “Só é livre quem liberta” – no caso, histórias. Fábio Supérbi reconstrói pelas palavras, e não só, memórias dos terreiros e cafezais, montes e rios, cantigas e brincadeiras e, claro, comidas e dos cheiros. Estefânia, Cristina e Fábio são três dos seis contadores convidados para o 10º Encontro Internacional de Contadores de Histórias, que o grupo “O Nariz” organiza de 10 a 16 de fevereiro.
Nos primeiros dias, Bru Junça junta-se a Cristina, Estefânia e Fábio para andarem por escolas dos concelhos de Leiria, Batalha, Marinha Grande e Santarém a partilhar histórias com cerca de mil alunos, professores e educadores, da creche ao ensino secundário e cursos profissionais.
Ameaçada pela globalização e pela predominância da comunicação digital, a transmissão oral permite preservar a identidade cultural, valores e costumes locais, o que “fortalece a relação entre pessoas”, destaca “O Nariz”. “Preservá-la significa manter a diversidade cultural e garantir que saberes ancestrais não são esquecidos, através do incentivo ao ensino dessas narrativas nas comunidades escolares”.
Pela primeira vez, o Encontro de Contadores de Histórias chegará a bebés. Será também a primeira edição em que serão mais mulheres a contar do que os homens. Estefânia Surreira e Soledad Felloza estreiam-se, enquanto o músico gambiano Ebrima Mbye regressa a Leiria para, desta vez, partilhar as suas histórias na sessão do dia 15 (21h30), aberta ao público em geral. Será no palco do Teatro Miguel Franco, onde também estarão Cristina Taquelim, Soledad Felloza e Estefânia Surreira.
No dia 16 (16h), no mesmo local, mostra-se “Alguma coisa”, história recolhida por Fábio Supérbi, que a conta na forma de teatro de marionetas.
