O combate ao isolamento dos idosos e a melhoria no acesso aos cuidados de saúde foram o foco da primeira reunião do ano da Comissão de Acompanhamento do RL+65, projeto de inovação social do jornal REGIÃO DE LEIRIA, que decorreu nas instalações da Junta de Freguesia de Vieira de Leiria, no dia 13 de março.
A sessão foi inaugurada com a intervenção de Francisco Rebelo dos Santos, diretor do jornal REGIÃO DE LEIRIA, que fez um ponto de situação sobre as iniciativas em curso pelo RL+65, destacando o caráter inovador do projeto, cujo propósito é “combater o isolamento e permitir que as pessoas estejam em contacto com a comunidade”.
Manuel José Carvalho, presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde da Região de Leiria (ULSRL), e João Paulo Pedrosa, diretor do Centro Distrital de Segurança Social de Leiria (CDSSL), apresentaram o projeto “Hospital no Domicílio Sénior”, que resulta da parceria entre as duas entidades e pretende dar resposta aos constrangimentos no acesso dos idosos ao Serviço de Urgência.
O responsável da ULSRL alertou que “os idosos só devem ir à urgência por necessidade extrema”, evitando deslocações desnecessárias, acrescentando que “quase metade dos doentes das urgências são pulseira verde”. Manuel José Carvalho salientou ainda a necessidade de “otimizar circunstâncias entre o hospital e as entidades sociais”, revelando que o projeto irá atuar como um Serviço de Hospitalização Domiciliária e implementar um sistema de Via Verde, que permitirá que os idosos recebam atendimento médico e de enfermagem onde residem, optando pela deslocação ao hospital para casos de urgência confirmada. Para esse efeito, será constituído um grupo de trabalho composto por dirigentes das respostas sociais e da segurança social, médicos, enfermeiros e diretores técnicos.
João Paulo Pedrosa, diretor do CDSSL, reforçou que “as doenças respiratórias são o motivo que mais leva os idosos ao hospital”, destacando a necessidade de oferta de um acompanhamento especializado. Esse facto surgiu da análise das respostas a um questionário de levantamento das necessidades, que foi realizado em fevereiro, aos profissionais dos diferentes estabelecimentos de saúde da ULSRL.
O plano de ação tem duração de dois anos e inclui o envolvimento de profissionais de saúde para garantir uma implementação eficaz e adequada às necessidades da população idosa. Além disso, o projeto reconhece o papel fundamental dos 602 cuidadores informais identificados na região, promovendo um sistema de comunicação mais rápido e eficiente entre hospitais e instituições sociais.
A reunião contou também com a intervenção do neurologista Alfredo Sá, que abordou a doença de Alzheimer e outras demências, destacando que “a doença afeta o cérebro do doente e o coração da família”.
Segundo o neurologista, cerca de 90% dos casos são degenerativos e irreversíveis, sendo a doença de Alzheimer a mais frequente. Na maioria dos casos, a doença caracteriza-se por défices de memória para eventos recentes, desorientação no tempo, défice de atenção e dificuldades na realização de tarefas diárias. O diagnóstico exige uma avaliação cuidadosa dos sinais de perda cognitiva e das mudanças comportamentais.
Em 2019, foram registados 193.500 casos de Alzheimer no país, prevendo-se um aumento para 322 mil até 2037. Para Alfredo Sá, “uma sociedade solidária é uma sociedade saudável”, por isso é essencial reforçar os cuidados e a sensibilização para esta realidade crescente.
Em representação do Comando Distrital da PSP de Leiria, a agente Maria Teresa destacou a problemática, alertando que existem “situações de demência na cidade às quais a PSP não consegue dar resposta e os serviços da Segurança Social também não”. Reconheceu ainda a crescente preocupação com a violência na terceira idade e a necessidade de “repensar o serviço de apoio domiciliário”.
Em representação do Grupo Territorial da GNR de Leiria, o comandante Adérito Santos fez referência ao E-Guard, um sistema de teleassistência desenvolvido pela GNR que visa combater o isolamento dos idosos. O projeto encontra-se em fase de implementação, tendo sido feito um protocolo com os municípios do Bombarral e de Alvaiázere, e tem como objetivo “retardar a ida dos idosos para os lares e proporcionar mais conforto para os familiares e qualidade de vida para os utentes”.