Ao longo de dez edições consecutivas, o REGIÃO DE LEIRIA irá oferecer dois postais por edição/semana, relativos a cada concelho abrangido, um dedicado a um prato salgado e outro a uma especialidade doce.
No verso de cada postal ilustrado será revelada a respetiva receita.
No primeiro lançamento, a 13 de março, será também oferecido um envelope/caixa arquivadora, para guardar os 20 postais.
O lançamento desta coleção constitui a primeira iniciativa inserida nas comemorações dos 90 anos do REGIÃO DE LEIRIA, um aniversário que será comemorado até final de 2025, com diversas iniciativas.
Datas de publicação dos postais
13 de março
Batalha (Cavacas // Morcela Branca) + Caixa arquivadora
20 de março
Castanheira de Pera (Beijos de Peralta // Cabrito assado)
27 de março
Figueiró dos Vinhos (Pão de Ló // Trutas Abafadas)
3 de abril
Leiria (Brisas do Liz // Leitão da Boa Vista)
10 de abril
Marinha Grande (Bolos de Pinhão // Sopa do Vidreiro)
17 de abril
Nazaré (Sardinhas doces // Caldeirada à moda da Nazaré)
24 de abril
Ourém (Bolo de Arco // Friginada ou Tachada)
1 de maio
Pedrógão Grande (Sopa dourada // Bucho recheado)
8 de maio
Pombal (Beijinhos de Pombal // Tortulhos)
15 de maio
Porto de Mós (Pastéis de Mós // Morcelas de Mira de Aire)
Opinião de Bruno Gaspar:
Agradeço ao jornal REGIÃO DE LEIRIA a abertura e a oportunidade de partilhar este projeto com os seus leitores. Desde há muito tempo que nutro um interesse especial pelo tema da gastronomia, não apenas pelo prazer que me proporciona, mas sobretudo pelo seu valor cultural, histórico e identitário.
Em 2008, tornou-se ainda mais evidente quando tive a honra de ser co-autor, com o meu amigo Orlando Cardoso, do livro “Terra de Pinhal e Mar”.
Foi nesse momento que comecei a perceber o quão rica e vasta é a nossa gastronomia e como seria essencial a criação de uma carta gastronómica que representasse fielmente a identidade alimentar da nossa região.
Desde então, fui estudando esta temática e rapidamente me apercebi da sua complexidade.
Apesar de sermos um país de dimensão geográfica reduzida, apresentamos uma diversidade gastronómica impressionante, com pequenas variações que refletem as influências locais, os recursos naturais disponíveis e as tradições passadas de geração em geração.
As dificuldades nesta investigação são muitas, sendo a principal delas a distinção entre a real origem de muitas receitas. Muitas vezes, o mesmo prato é reivindicado por diferentes localidades, cada uma defendendo a sua versão como sendo a autêntica. Além disso, enquanto alguns municípios ainda não concedem a merecida importância ao património gastronómico, outros utilizam este recurso como forma de obter financiamentos europeus e, depois, por ali ficam, sem um verdadeiro trabalho de valorização e divulgação. Em alguns casos, o mesmo prato muda apenas de nome, sendo que, por vezes, essa diferença ocorre entre duas aldeias que distam apenas meia dúzia de quilómetros dentro do mesmo concelho. Noutros casos, um prato é reconhecido como típico de uma determinada região, mas, afinal, também se encontra a 200 quilómetros de distância com o mesmo valor tradicional.
É importante destacar a riqueza gastronómica da região de Leiria, que se distingue pela perfeita combinação entre a maresia e os ventos da serra. Esta diversidade proporciona uma oferta culinária variada, em que sabores do litoral se misturam harmoniosamente com os da zona interior, criando um património gastronómico único.
Este projeto incluirá uma caixa de arquivo para guardar os postais consigo, que vão ser publicados semanalmente, sendo oferecidos dois postais ilustrados: um com uma receita doce e outra salgada. É natural que algumas das receitas apresentadas não sejam consensuais, pois a investigação baseou-se em múltiplas fontes documentais, algumas com mais de 40 anos, retratando realidades que já não existem ou que sofreram alterações ao longo do tempo. Noutros casos, a falta de partilha de receitas obrigou-me a um esforço redobrado, tornando a investigação menos consistente e dificultando a solidez de um trabalho como este.
Concluo este texto pedindo desculpa por eventuais lapsos ou equívocos que possam surgir, transmitindo a minha sincera vontade de continuar a melhorar nesta pesquisa. O meu objetivo é contribuir para a criação de uma carta gastronómica para a região de Leiria, algo que tanto merece.
A gastronomia é um reflexo da cultura e das vivências de um povo, e é com grande entusiasmo que espero contribuir para o reconhecimento e divulgação deste património, através da minha arte maior, as ilustrações, concebidas com uma linguagem simples, intencionalmente tosca, como se saídas de um antigo livro de receitas da nossa avó.
Mais do que um mero registo visual, cada desenho é uma homenagem a todas e todos os avós que deliciaram os estômagos dos seus convidados mais queridos, aqueles que se sentavam à mesa de faca e garfo, partilhando histórias, afetos e tradição.
A gastronomia é muito mais do que a soma dos seus ingredientes — é um património de memórias, de convívio e de amor. Comer é também viver e amar.