Foi uma espécie de prenda de Natal. A 23 de dezembro passado o Clube Desportivo da Garcia viu o piso sintético ficar concluído e os mais de 70 jogadores de formação podem agora correr no Parque Desportivo Manuel Alegre, pintado de verde.
Este foi o último campo de futebol no concelho da Marinha Grande a receber o “mágico” tapete. Pela frente ainda há muito trabalho: é preciso pagar o empréstimo bancário e assegurar a manutenção mas boa parte do objetivo está concretizado.
A inauguração do piso artificial do CDR Garcia aconteceu no último fim de semana com um jogo de veteranos entre a equipa da casa e o Benfica, além das partidas das equipas de formação e futebol feminino.
Há seis anos, em julho de 2011, o clube ganhou um sintético da noite para o dia. A (extinta) União de Leiria SAD mudava-se para a Marinha Grande por três anos e acordava com a autarquia a construção de três campos sintéticos, à medida de um por ano. Atlético Marinhense, GD Os Vidreiros e CDR Garcia eram, por esta ordem, os beneficiários.
Todavia, o acordo não se chegou a concretizar e alguns meses depois da instalação do sintético no campo da Portela, em março de 2012, a empresa responsável pela obra exigiu a liquidação do valor em falta e ameaçou até retirar o piso.
A história da União de Leiria SAD sofreu um forte revés nessa época, que acabou por determinar o seu fim e com ele o incumprimento do acordo de implantação dos sintéticos.
Após vários meses de negociações, e de forma a minimizar os prejuízos, a Câmara da Marinha Grande entregou um subsídio de 100 mil euros a cada clube, tendo os emblemas que suportar as restantes despesas para instalação do relvado artificial.
Vítor João, presidente d’Os Vidreiros, recorda que, em 2011, ficou “de pé atrás. “A situação da União de Leiria não era favorável, tinham dívidas, mas era a única forma de termos sintético”, lembra. O seu pior receio veio a concretizar-se e só três anos depois, em 2014, a direção d’Os Vidreiros avançou com as obras.
Empréstimos pagam campos
Hoje, o dirigente só encontra vantagens no sintético: trouxe mais atletas, é mais prático e responde às necessidades do clube, que tem equipas seniores masculina e feminina. No entanto realça que “sem o apoio da autarquia não existia campo. Nem clube! Não teríamos aguentado”, considera.
Do valor total do investimento, cerca de 140 mil euros, a verba suportada pelo clube foi conseguida graças a campanhas de angariação de fundos e empréstimo de sócios.
Já na Garcia, o último emblema que iria usufruir do acordo com a União de Leiria, em 2013, teve que recorrer a um empréstimo bancário, no valor de 49 mil euros, para poder ver a obra feita.
“Ou era agora ou já não era. Agarrámos este projeto com unhas e dentes e acreditamos que, no final da época, pelas nossas contas, teremos tudo pago”, afirma João Alves, presidente da direção do CDR Garcia há quatro anos. Admite que foi uma decisão difícil, razão principal que levou durante vários anos as anteriores direções a adiar a construção do campo.
Falta colocar o sistema de rega mas tal não impede a utilização do campo por mais de 70 atletas de formação, entre os 4 e os 13 anos. “Ainda estamos a adaptar-nos a este novo modelo mas o nosso objetivo é o mesmo: continuar o trabalho na formação. É aqui que somos bons e agora será mais fácil captar atletas. Existe uma grande percentagem de jogadores no concelho e só há vantagens a retirar deste processo”, refere João Alves, que, em 2011, viu com bons olhos o acordo entre a câmara e a SAD leiriense. “Correu mal”, acrescenta.
Sem certificação
O primeiro beneficiário do acordo de 2011 foi o Atlético Marinhense. Apesar dos diversos contatos, o REGIÃO DE LEIRIA não conseguiu obter comentários por parte da direção do At. Marinhense. Também a autarquia da Marinha Grande não respondeu ao nosso pedido de informações.
Marina Guerra (texto)
marina.guerra@regiaodeleiria.pt
Joaquim Dâmaso (foto)
joaquim.damaso@regiaodeleiria.pt