A curiosidade pode ser o maior inimigo e terá sido isso que levou alguns alunos do Colégio Conciliar Maria Imaculada, em Leiria, à enfermaria e nalguns casos ao hospital, na semana passada.
Nesta altura do ano, a processionária, também conhecida como largarta do pinheiro, abandona os ninhos existentes em pinheiros e cedros em longas procissões que se dirigem para o solo, onde irão crisalidar.
Durante este caminho, as lagartas libertam milhares de pêlos urticantes que se espalham pelo ar, podendo causar reacções alérgicas nos humanos e animais. Urticária, com irritações na pele (geralmente ardor, comichão e manchas avermelhadas na pele), irritações nos olhos (olhos avermelhados, inchados e com comichão) e alterações no aparelho respiratório (dificuldade respiratória) são os sintomas mais frequentes e que se verificaram entre os alunos do CCMI, na última sexta-feira.
O REGIÃO DE LEIRIA sabe que dois dos estudantes, que se terão aproximado e tocado nas lagartas, necessitaram de recorrer a uma unidade hospitalar, devido a dificuldades respiratórias, ainda que sem gravidade. Outros terão sentido apenas alguma irritação na pele, sem necessidade de atendimento hospitalar.
A direção do Colégio chegou mesmo a emitir um comunicado junto dos encarregados de educação, informando que se tratou “de um surto (muito superior ao habitual)” e que “uma equipa especializada” elaborou um tratamento aos pinheiros, bem como “a limpeza na zona do asfalto do campo e na zona do campo”, durante o fim de semana e na segunda-feira de manhã.
Para Odete Mendes, médica da Unidade de Saúde Pública (USP) de Leiria, o aparecimento das lagartas e de reações desencadeadas pela proximidade ou contacto com os animais “é normal nesta altura do ano”, sobretudo nos locais onde existem pinheiros, como é o caso das escolas.
Na região, o caso verificado no CCMI foi até ao momento o único identificado pela USP de Leiria. Já a nível nacional têm-se registado vários casos em Lisboa, Sintra e Portimão.
Nos últimos anos, explica, a USP tem desenvolvido vários contactos com estabelecimentos de ensino para divulgar e reforçar a informação sobre as consequências em termos de saúde pública, bem como uma série de medidas alternativas de controlo deste insecto.
“Evitar tocar e alertar sempre que foi avistada alguma lagarta” devem ser os primeiros comportamentos a tomar, lembra a médica.
Conheça as recomendações da Direção Geral de Saúde aqui.
Marina Guerra
marina.guerra@regiaodeleiria.pt