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Cultura

IGESPAR recusa classificação da Capela das Chãs, que pode ser demolida

A Capela das Chãs, em Regueira de Pontes, pode ser demolida. O IGESPAR arquivou o pedido de classificação e abre espaço à intenção de deitar abaixo o templo mandado construir no século XVI.

A Capela de Nossa Senhora das Necessidades, em Chãs, Regueira de Pontes, Leiria, pode ser demolida. O IGESPAR  – Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico arquivou o pedido de classificação do monumento e abre espaço à intenção da paróquia e da autarquia de deitar abaixo o templo mandado construir no século XVI.

Arquivamento do pedido de classificação pelo IGESPAR era esperado tanto por quem quer a demolição como por quem defende a manutenção da Capela das Chãs (fotografia: Joaquim Dâmaso)

O edifício em causa “não reúne os valores patrimoniais inerentes a uma distinção como valor cultural de importância nacional”, defende o IGESPAR, no anúncio publicado no Diário da República de 3 de Maio, em que se informa sobre o arquivamento do pedido de classificação, entregue por um conjunto de entidades de Leiria.

Entre essas entidades está o CEPAE – Centro do Património da Estremadura, que já fez saber da intenção de estudar um recurso da decisão do IGESPAR, passível de contestação até 21 de Maio de 2011.

“Esta resposta [do IGESPAR] não é surpresa. Suspeitávamos desta infeliz decisão. Num primeiro momento diz-nos o IGESPAR que a Capela de Chãs tem valor patrimonial e que deve ser preservada. Logo a seguir vem o IGESPAR dizer-nos que, afinal, não tem nada a ver com a sua salvaguarda”, nota o presidente do CEPAE.

Para Joaquim Ruivo, a decisão representa “a demissão do Estado face às leis que ele próprio cria (algo a que estamos habituados, mas que nos custa ainda a aceitar); poderá representar, neste contexto da Capela das Chãs, mais um passo para a delapidação autorizada e consentida de um património reconhecido por especialistas como de grande valor patrimonial”.

O presidente do CEPAE recorda que, à luz da última Concordata, “o património religioso só pode ser classificado pelo Estado quando tem importância nacional” e, assim, “o destino da Capela da Chãs fica dependente da Igreja e da autarquia”, que já deram a conhecer a intenção de demolir o monumento, uma vez que, nas traseiras, foi construída uma igreja nova.

“Já sabemos qual a posição da Igreja e qual a posição da autarquia bem como os meios e mecanismos que uns e outros não têm intenção de accionar. Trata-se de uma destruição anunciada (mais uma!), que todos lamentarão no futuro. É também um exemplo paradigmático da nossa pobreza de meios e de espírito”, sublinha Joaquim Ruivo.

O CEPAE entende, por isso, que se devem “esgotar todos as possibilidades, devendo ser ponderado (em conjunto com as outras associações), recorrer da decisão”.

Sem surpresa, por outras razões, a notícia do parecer do Instituto do Património também foi recebida pelo padre Isidro Alberto, à frente da Capela de Nossa Senhora das Necessidades.

“Não nos surpreende. O processo foi muito ponderado, bem estudado e reflectido por peritos e gente capaz”, refere.

Isidro Alberto aguarda “uma comunicação oficial das entidades” para dar seguimento ao projecto que prevê a manutenção da torre da capela e a demolição do edifício para construção de uma praça e um percurso até à nova igreja.

Quanto ao início dos trabalhos, o padre não arrisca uma data: “Não podemos colocar o carro à frente dos bois. Vamos devagarinho”.

“A população está ansiosa para que esta questão fique resolvida. Há sensibilidades que temos de respeitar, mas as autoridades é que mandam. Embora [a capela] seja propriedade da Igreja, que dela põe e dispõe, não queremos fazer as coisas de ânimo leve”, conclui.

Manuel Leiria
manuel.leiria@regiaodeleiria.pt


Secção de comentários

  • Rosário Beja Neves disse:

    Então a Câmara de Leiria ignora o seu PDM e o facto deste propôr a classificação da Capela como edifício de interesse concelhio? Se o Igespar só pode classificar edifícios da Igreja de interesse nacional, caberia à Câmara a classificação como edifício de interesse concelhio.
    A nossa crise económica tem as suas raízes na crise de cultura!

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