Cerca de 80 pessoas protestaram hoje na Nazaré contra os novos tarifários de água, saneamento e resíduos sólidos urbanos (RSU) aprovados pela autarquia que, perante a contestação, prometer rever a proposta inicial.
O protesto, agendado para a reunião do executivo camarário, acabou por ser transferido para a biblioteca municipal devido à exiguidade do espaço e à impossibilidade dos munícipes poderem intervir além de cinco minutos.
Um dos moradores, Alberto Remígio, disse ao presidente da autarquia que pagava “50 cêntimos pela recolha de lixo” mas agora, após a entrada dos novos preços, gasta “oito euros”.
“Porque é que só agora leva à prática estes aumentos?”, questionou Alberto Remígio: “Se se verificassem antes das eleições, lógico seria que o presidente não estaria aí”.
Já António José Peixe lamentou que, num momento de crise, se esteja a “carregar ainda mais” a população, sugerindo o adiamento da entrada em vigor dos novos tarifários “até as condições de vida melhorarem”.
Limpinho Silvério perguntou se esta “não é uma estratégia para pagar às empresas multimunicipais a dívida que a Câmara tem perante estas entidades”.
Por seu turno, Alda Hilário acusou o presidente da autarquia de “ir dos oito ao oitenta” e lamentou a ausência do restante executivo, cujos eleitos pelo PSD aprovaram por maioria em dezembro os tarifários que entraram em vigor em março.
Aos populares, o presidente do município, Jorge Barroso, reconheceu que houve “um aumento muito significativo em todos os setores”, sobretudo nos RSU.
“Isto é para se retificar significativamente”, prometeu Jorge Barroso a propósito dos RSU, acrescentando que vão ser analisadas as reclamações nas outras áreas.
O autarca explicou que sem aumento de preços “o saneamento tem um prejuízo anual de 990 mil euros, enquanto os RSU 2,2 milhões de euros”.
“Trata-se de um valor global de 3,2 milhões de euros, que é o preço de um centro escolar”, observou.
O presidente da Câmara Municipal esclareceu ainda que os novos tarifários obedecem “ao princípio legal de que a despesa destes serviços públicos não podem ser inferiores às despesas, como determina a Lei das Finanças Locais, e a um princípio social de que quem mais pode, mais paga”.
Jorge Barroso adiantou que se trata da aplicação de um outro princípio, do utilizador pagador, salientando a diferenciação entre residentes e não residentes nas alterações aprovadas pelo município.
À mesma hora, na reunião do executivo, foi aprovada por unanimidade uma proposta do presidente do município para que “sejam reponderadas” algumas situações com efeitos a partir de março, contemplando diversas actividades económicas e também agregados familiares.