Ainda não podem votar. São menores de idade e, por agora, é noutra campanha que aplicam os esforços. Margarida, Rita, Diana, Paulo, Camila e Matilde são de Leiria e estão entre os melhores ginastas de trampolim do mundo. Integram a equipa portuguesa que participa, de 16 a 20 de novembro, na Competição Mundial por Grupos de Idades (CMGI), em Sofia, Bulgária.
O objetivo é saltar o mais alto que conseguirem por um lugar no top mundial. Mas o caminho até aqui não foi fácil e implica muita horas de treino.
O apuramento ficou garantido em julho, com os rankings nacionais. Aí foi tempo de pôr mãos à obra – ou melhor, pés no trampolim.
Do Trampolins Clube de Leiria (TCL) há três atletas na convocatória: Margarida Amado, de 14 anos, compete em três aparelhos – trampolim individual (TRI), trampolim sincronizado (TRS) e duplo mini trampolim (DMT), enquanto Diana Silva e Rita Vieira, de 11 anos, saltam em sincronizado. A CMGI é novidade para a dupla sincronizada. Já Margarida Amado viveu a experiência em 2015, com um 8º lugar na final de DMT.
“Foi a melhor experiência da minha vida. A prova correu bem e passei às finais. Espero repetir este ano”, diz a atleta, consciente que o apuramento não é fácil. “Só com muito trabalho, treinos, esforço e dedicação é possível estar presente”.
Este ano, com a experiência acumulada, o objetivo é diferente. “A performance está direcionada para conseguir um apuramento para a final e tudo pode acontecer. Não vamos saltar de forma segura, vamos fazer algo difícil. A nível nacional, em trampolim, é a júnior de elite mais nova e com a melhor nota. Tem elevadas potencialidades”, explica Rui Branco, treinador do TCL que integra a equipa técnica nacional em DMT. Já para Rita e Diana, será a estreia. “Elas estão no campeonato do mundo por mérito próprio e vão trabalhar para fazer o melhor que conseguirem”.
Preparação exigente
Também de Leiria, o Ateneu Desportivo de Leiria (ADL), leva três jovens ginastas: Camila Alves em DMT, Paulo Fernandes e Matilde Pereira em tumbling (TUM). Para os dois primeiros, a CMGI também já não é novidade.
“Os escalões onde foram apurados são os mais fortes da CMGI. Esperamos uma competição muito forte e estamos a preparar os ginastas com séries dentro do que se faz a nível mundial. O objetivo passa por cumprir estas séries”, salienta Pedro Andrade, treinador do ADL e também ele técnico da equipa nacional em tumbling, que estará acompanhado por João Duarte, também treinador do ADL.
Margarida Amado, Rita Vieira e Diana Silva e o técnico Rui Branco, do TCL Foto: Joaquim Dâmaso
O ADL estará representado por Matilde Pereira, Paulo Fernandes e Camila Alves, além do treinador Pedro Andrade Foto: ADL
Mas se a participação é um orgulho, também representa uma dor de cabeça. As despesas de deslocação, participação e representação têm que ser todas suportadas pelos atletas. A concretização do sonho ronda os 1.200 euros por ginasta.
“Apesar de representarem Portugal, todas as despesas têm que ser pagas por nós. Até o equipamento de competição”, explica David Silva, dirigente do TCL. A Federação Portuguesa de Ginástica apenas apoia atletas seniores de elite, não atribuindo verbas a escalões de formação.
“Tivemos um importante apoio da Câmara de Leiria que direcionámos para as despesas e para comprar um DMT novo, de última geração, que nos permite treinar com equipamentos idênticos aos que vamos encontrar”, explica o responsável. Sem isso, “era quase como competirmos num Ferrari e treinarmos num Fiat”. “Sem a ajuda dos pais e do clube não seria possível” ir à prova, realça David Silva.
Pedro Andrade, treinador do Ateneu, partilha da opinião e reconhece que sem o “regime de ‘paitrocínio’, com o clube a suportar também uma parte da despesa”, não seria possível a participação desportiva.
Com alguma ansiedade, curiosidade e nervos à mistura, os ginastas querem fazer a sua melhor prestação. Afinal, no CMGI só estão os melhores – e eles fazem parte desse lote. No próximo mês e meio vão dividir-se entre a escola, iniciativas para angariar apoios para a viagem e treinos. Muitos treinos. Treinam entre 12 a 15 horas por semana. Ainda assim, menos de metade do número de horas que se treina nos Estados Unidos, Rússia, Japão ou Reino Unido, as grandes potências da modalidade.
Marina Guerra
Jornalista
marina.guerra@regiaodeleiria.pt
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4.5