Joana Bartolomeu venceu o prémio “Best Puppet Film” no The World Festival of Puppet Art 2010, em Praga na República Checa, com “Tailor’s kiss”, um filme de animação com marionetas.
Actualmente a residir e trabalhar em Lisboa – “faço publicidade e dou aulas para sobreviver” -, a realizadora de 34 anos saiu de Leiria em 1994 para estudar e já viveu em Londres e Praga. Mantém o blogue “Kafian mood”, onde partilha o que a inspira.
Ao REGIÃO DE LEIRIA, Joana Bartolomeu fala do prémio, do filme e da curta-metragem em que está actualmente a trabalhar. No final da entrevista, pode ver “Tailor’s kiss”, o filme premiado.
Esperava este prémio no The World Festival of Puppet Art?
Foi uma total surpresa, porque o filme foi feito há cinco anos e acabei por enviar ao festival não para ganhar absolutamente nada mas porque Praga é a minha cidade favorita. Já lá vivi três meses e pensei que era uma boa desculpa para ir lá. Mas não vi a tempo que o filme tinha sido seleccionado. Soube por intermédio da José Gil, das S.A. Marionetas [que receberam uma menção especial em Praga pelo trabalho “Dom Roberto”], que me enviou um e-mail a perguntar se ia. Aí as passagens já estavam muito caras. Mas hei-de ir a Praga em breve.
O que significa este prémio?
Este é um festival importante na área das marionetas em si, mas não no que diz respeito aos cinemas. Estiveram lá companhias de marionetas de todo o mundo e há uma pequena secção de filmes. Já tinha ganho um prémio num festival em Londres, mais ou menos quando saiu o filme [2005]. Tem rodado em alguns festivais e tem tido boa aceitação.
Que filme é “Tailor’s kiss”?
É um trabalho de estudante. Concorri para a National Film and Television School, mas não pensava entrar – só entram seis pessoas por ano. Mas fiquei, foi uma grande surpresa, foi tudo muito rápido. Fui fazer lá o mestrado e incluía um filme final. Este foi mesmo o meu primeiro filme.
E qual é a história?
É basicamente uma história de inadaptação, de um alfaiate que tem uma maldição: não se pode aproximar de ninguém. Vive numa cidade semi-deserta e contacta com as suas clientes através de fotografias. Até que existe uma mulher semelhante a ele, que ronda pela cidade e espera pela oportunidade certa para o conhecer… E depois acaba-se a maldição. Há quem diga que o filme tem um final triste, mas considero que é um final feliz… Não acredito em finais felizes, mas em finais felizes alternativos.
Em que projecto está a trabalhar actualmente?
Decidi embarcar noutra aventura. Estou a dar aulas de animação e desenho nas Belas Artes e, nessa sequência, concorri ao ICA para um subsídio. E ganhei. Tenho estado desde Novembro a desenvolver uma curta metragem de animação em papel, tradicional. Em princípio chama-se “M” e não quero desvendar muito, mas é sobre autodescoberta. É uma metáfora à sociedade e passa-se num lavatório. Espero que no final do próximo ano consiga terminar.