Frédéric Pires e a equipa 59 Degraus Depois: Sofia, Joana e Alexandra Foto: Joaquim Dâmaso
Da porta de entrada ao terceiro andar do primeiro centro comercial de Leiria, as Galerias Alcrima, são 59 degraus. Tantos quantos dão nome ao projeto que arranca esta sexta-feira, dia 23 de fevereiro, com o intuido de pôr a juventude a pensar e a conversar.
“Os jovens não têm um sítio para falar fora das redes sociais. O único sítio onde podemos debater é na escola. Só que as aulas não são para isso. Faltava um espaço onde os jovens pudessem estar confortáveis a falar sobre vários temas”, explica Alexandra Paraíso. Com Joana Santos e Sofia Gomes – todas de 17 anos -, as três dinamizam 59 Degraus Depois, que nasce das turmas do Leirena Teatro para agitar os jovens de Leiria.
“Encaramos isto como cidadania. Sozinhos não resolvemos nenhum problema. Vamos juntar pessoas e convidá-las a pensar e a expressarem-se”, diz Joana Santos. Sofia Gomes acrescenta que é “necessário e essencial trazermos algo de novo para a sociedade juvenil”.
O responsável pelo Leirena reconhece que, nas aulas que dá, em Leiria e não só, “há cada vez maior dificuldade de raciocínio”. É que, ao contrário do que se passa com o físico, “poucos jovens estimulam o cérebro para discutir, para debater, para usar o pensamento”, nota Frédéric Pires.
“Há jovens que têm mesmo dificuldade em pensar. Porquê? Porque não há um espaço onde possam sentar-se e debater, pensar, discutir assuntos pertinentes, que são da geração deles”, sublinha o encenador, que convidou as suas alunas mais velhas a desenvolver este projeto “de jovens para jovens” para debater “frente a frente, sem redes sociais”.
Em 59 Degraus Depois entrada e a voz dos adultos é limitada. Sónia Gomes explica que, “abrindo espaço a todo o público, os adultos acabam por se sobrepor”:
“Sendo mais velhos, têm mais conhecimento, ideias mais formadas, e os jovens sentem-se um bocado retraídos e tímidos. Não é um ataque contra os adultos nem queremos retirar-lhes a palavra. É mais para ajudar os jovens a terem a sua [palavra] e não estarem em preocupados. Nenhuma opinião é errada”, acrescenta.
Frédéric da Cruz Pires espera que a iniciativa ajude “a nova geração a pensar o que pode fazer por Leiria, pela região, por Portugal”.
No final, todos são convidados a passar à ação para tentar resolver o problema em debate. Alexandra Paraíso espera que as pessoas “saiam daqui inspiradas, com vontade de fazer alguma coisa para resolver o assunto”.
“Quem discute no café não sai com uma solução para fazer alguma coisa. Aqui estes jovens têm de sair daqui e fazer alguma coisa. Nem que seja colocar uma fotografia no Facebook, enviar uma carta ao diretor da escola, tomar uma atitude”, explica Frédéric.
Na estreia, esta sexta-feira, dia 23 de fevereiro, o tema a discutir a partir das 18h30 e 59 degraus das Galerias Alcrima depois, é Arte, com os convidados José Guilherme, Rita Carina, Francisca Santos Ferreira, Daniela Almeida, Pedro Pereira e Matilde Cruz.
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