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Relatório da comissão diz que fogo do Pinhal do Rei superou “tudo o que até agora aí tinha ocorrido”

Leiria registou 25 incêndios florestais no dia 15 de outubro e a principal ocorrência foi a de Burinhosa/Pataias, no concelho de Alcobaça, maioritariamente áreas pertencentes às matas nacionais, “onde se estima que mais de 80% tenham sido percorridas pelo fogo”.

Metade das matas nacionais do país foram afetadas pelos incêndios do ano passado, tendo os maiores impactos sido registados na faixa litoral da região Centro, conclui a comissão técnica independente que analisou os fogos de outubro.

Dos cerca de 55.000 hectares de território classificado como matas nacionais, “cerca de 50% foram afetados pelos incêndios de 2017”, refere o relatório da comissão técnica, entregue na terça-feira, dia 20, no parlamento.

O “elevado impacto” dos fogos nas matas nacionais “localiza-se na sua totalidade na região Centro de Portugal continental, sobretudo na faixa do litoral, correspondendo em grande parte às dunas móveis fixadas pela arborização”, pode ler-se no relatório, que sublinha o “papel fulcral” daquelas áreas em termos de “conservação de zonas especialmente vulneráveis” e no assegurar de funções de “recreio e enquadramento paisagístico”.

Entre as matas nacionais afetadas a comissão destaca a Mata Nacional de Leiria, “o icónico Pinhal do Rei”, percorrido pelo fogo “em quase 90% da sua área”, numa extensão de cerca de 9.500 hectares, “superando tudo o que até agora aí tinha ocorrido”.

Os maiores incêndios ali registados anteriormente, segundo o relatório, terão sido em 1824, quando arderam 5.000 hectares, e em 2003, com cerca de 2.500 hectares ardidos.

Em termos nacionais, considerou ainda a comissão, “o único ano em que a afetação de matas nacionais tinha sido relevante, foi em 1993, com o incêndio de cerca de 50% de duas matas nacionais, a Mata Nacional do Prazo de Santa Marinha e a das Dunas de Quiaios”, sendo que esta última voltou em 2017 a ser consumida em 63% da sua área total.

O documento conclui que falhou a capacidade de “previsão e programação” para “minimizar a extensão” do fogo na região Centro (onde ocorreram as mortes), perante as previsões meteorológicas de temperaturas elevadas e vento.

 A junção de vários fatores meteorológicos, descreve, constituiu “o maior fenómeno piro-convectivo registado na Europa até ao momento e o maior do mundo em 2017, com uma média de 10 mil hectares ardidos por hora entre as 16 horas do dia 15 de outubro e as 5 horas do dia 16”.

Contudo, acrescenta, a Autoridade Nacional de Proteção Civil pediu um reforço de meios para combater estes incêndios devido às condições meteorológicas, mas não obteve “plena autorização a nível superior”, e a atuação do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi “limitada” por falhas na rede de comunicações.

De acordo com o relatório, em cada distrito deflagraram centenas de ocorrências, mas são destacadas três dezenas como as mais significativas, tendo em conta critérios como as mortes, a dimensão do incêndio, a existência de população, zonas industriais e matas.

O distrito de Leiria registou 25 incêndios florestais no dia 15 de outubro e a principal ocorrência foi a de Burinhosa/Pataias, no concelho de Alcobaça, tendo percorrido maioritariamente áreas pertencentes às matas nacionais, “onde se estima que mais de 80% do total daquelas matas tenham sido percorridas pelo fogo”.

São ainda referidos o incêndio de Foz do Arelho/Caldas da Rainha e o de Olho Marinho/Óbidos no distrito de Leiria.

Fogo percorreu “em quase 90% da sua área”, numa extensão de cerca de 9.500 hectares, “superando tudo o que até agora aí tinha ocorrido”. Os maiores incêndios ali registados anteriormente, segundo o relatório, terão sido em 1824, quando arderam 5.000 hectares, e em 2003, com cerca de 2.500 hectares ardidos.

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