Segunda-feira é dia de andebol, terça e quarta-feira são dedicados ao futebol. Hoje, quinta-feira, António Remígio faz o treino de futsal de desporto escolar e, depois, o de andebol. Termina a semana com um treino de futebol.
A agenda bem organizada não termina aqui. No sábado à tarde, o jovem de 13 anos representa a o D. Fuas AC, no campeonato nacional de infantis em andebol. Ao domingo de manhã é convocado para ajudar o GD Os Nazarenos no campeonato da Honra distrital de iniciados de futebol. E, se for preciso, ainda dá uma mãozinha à equipa de iniciados do D. Fuas no domingo à tarde.
Cansado? António Remígio não está e o turbilhão de mudanças não pára aqui. Este domingo, o guarda-redes foi a figura do jogo da Taça Distrito de Leiria de futebol ao deixar a baliza e assumir a posição de avançado diante do AC Avelarense (4-3).
O jogador começou o encontro da segunda eliminatória da Taça a defender as redes mas, a meio da segunda parte, quando os alvinegros perdiam por 1-2, foi colocado na frente do ataque.
“Foi a primeira vez que joguei a ponta de lança. Já tinha feito alguns treinos como avançado e o treinador [Joaquim Paulo] disse-me que tinha alguma qualidade, mas não estava à espera no jogo de ir para avançado. Quando vi o outro guarda-redes a aquecer, percebi a troca e até me safei bem”, conta ao REGIÃO DE LEIRIA.
A alteração não surtiu efeito imediato – o marcador passou para 1-3 – mas a equipa sentiu o toque e acabou por empatar o jogo. No último minuto dos descontos, a bola parou em António Remígio que fez o golo da vitória e apurou o GD Os Nazarenos para os quartos-de-final da Taça distrital.
Esta foi a segunda vez que a equipa alvinegra encontrou o AC Avelarense esta época. Na Honra distrital, a 12 de novembro, sofreu uma pesada derrota por 0-8 em casa. E ao intervalo, a equipa já perdia por 0-7.
O jogo marcou também o momento de viragem da equipa, recorda António Remígio. “Na primeira parte da época, o campeonato estava a correr muito mal, resultados, treinadores… e, nesse dia, ao intervalo, levámos um forte ralhete que nos fez pensar. Não estávamos a defender o clube que gostávamos como devíamos, não estávamos a ter garra. A partir desse momento não perdemos mais jogos em casa e começamos a pontuar com mais facilidade”, diz.
Treinar para progredir
Este não é caso único no clube nazareno. Em 2016/2017, o guarda-redes Tiago Légua, também nos iniciados, mostrou dotes de avançado e a qualidade era tal que acabou a época na frente. Marcou 11 golos e ficou apenas a um de ser o melhor marcador da equipa, festejando a subida de divisão. Atualmente subiu aos juvenis e regressou à baliza.
A (curta) carreira de António Remígio como jogador de futebol começou em 2011, ainda traquina. No entanto, o andebol acabou por o seduzir e nos últimos seis anos dedicou-se às competições indoor e com resina. Por lá também começa a trocar de posição com mais frequência. Deixa a baliza e passa para pivô ou lateral.
O convite para voltar ao futebol chegou no início da época, através de um pai de um amigo que é dirigente do GD Os Nazarenos. Conhecia a sua habilidade a defender as redes e chamou-o para os iniciados.
E entre os dois amores, andebol e futebol, de qual gosta mais? “Não tenho um preferido, o futebol é mais uma novidade porque não pratico há muito tempo. Tenho-me focado no andebol mas, com este regresso, estou a treinar mais futebol para poder evoluir e progredir”, adianta.
Certo é que prefere a baliza mas está disponível para jogar na frente se o treinador assim entender. “Eu fui para lá para ser guarda-redes, mas se for para ajudar a equipa, jogo na baliza ou a ponta de lança, tanto faz”, afirma.
(artigo publicado na edição de 1 de fevereiro de 2018)
Marina Guerra
Jornalista
marina.guerra@regiaodeleiria.pt