Como era de esperar, as eleições no Brasil continuam o lodaçal em que se transformou a vida política naquele país desde que a desagregação do petismo/lulismo e a entrada em força da magistratura na investigação de casos de corrupção, com a condenação de algumas das mais proeminentes figuras do passado recente, governantes e empresários, foram abrindo caminho para fenómenos como Jair Bolsonaro.
Sem surpresa, uma das mais recentes armas de arremesso da campanha gira à volta das fake news, notícias falsas colocadas por empresas especializadas nas redes sociais, como forma de intoxicar os eleitores e puxar pela candidatura que encomenda o serviço.
O método é antigo e conhecido, eu próprio fui “vítima” dele num tempo em que ainda não havia redes sociais, mas se fazia abundante utilização de cartas anónimas e, no meu caso, também cartazes com a minha cara e uma série de disparates escritos para me desacreditarem, colocados em tudo o que era caixa multibanco. E os patrocinadores foram pessoas “respeitáveis” que assim se envolveram num processo miserável e socialmente abjeto de luta política.
O que é novo são os suportes que se utilizam, as redes sociais, que potenciam a mentira e o sucesso destas operações criminosas que contam, sobretudo, com as reações mais primárias de quem acredita em tudo o que ouve ou lê, sem capacidade crítica para analisar e tirar conclusões.
A única forma de combater estas práticas é através de mais e melhor educação, para que se formem cidadãos mais conscientes, e do jornalismo de qualidade, por permitir desmontar estas cabalas e apresentar criticamente as várias opções em disputa.
No Brasil é difícil acreditar que alguma das candidaturas tenha as mãos limpas, e estas bad news são o cerne do problema, de um lado, o petismo desacreditado (Hadad), do outro, uma herança bastarda da democracia brasileira (Bolsonaro).
(Artigo publicado na edição de 25 de outubro de 2018)