Há quem goze o dia de hoje como feriado em consequência de uma revolta operária ocorrida há 85 anos.
A revolta dos vidreiros foi há 85 anos e teve a sua expressão máxima na Marinha Grande. Durante algumas horas, os operários vidreiros assumiram o poder, acabando por sucumbir à repressão. Esta sexta-feira, na cidade vidreira, a efeméride foi recordada com diversas atividades. E no concelho onde a revolta surgiu em tempos da ditadura, esta data é assinalada como dia feriado para os trabalhadores do sector vidreiro. Mas não só na Marinha Grande.
“O 18 de janeiro continua a ser feriado para os trabalhadores do sector vidreiro”, salientou Fátima Messias, da CGTP-IN, na sessão que ao início da tarde de hoje assinalou a data da revolta e homenageou os operários revoltosos.
São diversas as empresas do sector, na Marinha Grande, onde este é um dia feriado. Muitos trabalhadores trabalham, ainda assim, neste dia, uma vez que se trata de um sector que implica laboração contínua, mas nesses casos “o dia é pago a dobrar”, explicou a sindicalista.
De acordo com Fátima Messias, o feriado é igualmente um direito gozado por trabalhadores do sector em diversas outras empresas espalhadas pelo país: na Figueira da Foz, Famalicão, Braga, Vila Real, Santa Iria da Azoia, Setúbal e Sintra.
Na cerimónia evocativa que decorreu na Praça do Vidreiro, Etelvina Ribeiro, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Industrial Vidreira, lembrou que “o 18 de janeiro de 1934 foi uma gloriosa ação contra o governo e o fascismo de Salazar, originando a revolta de um povo farto de fome e miséria numa época de extremas dificuldades”.
Contudo, salientou, “gostaríamos de estar apenas a homenagear os heróicos participantes na revolta operária do 18 de janeiro de 1934, mas passadas mais de oito décadas, em pleno século XXI, continuam a existir gritantes desigualdades sociais”.
Arménio Carlos, líder da CGTP, defendeu o reforço dos direitos laborais, lembrando que a melhoria dos rendimentos dos trabalhadores terá consequências positivas na economia. “Comemorar o 85º aniversário destes operários vidreiros é simultaneamente comemorar o momento de afirmação do trabalho como força determinante para o futuro”.
Referindo-se ao recente estudo da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, que aponta que a automatização poderá eliminar 1,1 milhões de empregos em Portugal e para a necessidade de formação dos trabalhadores, Arménio Carlos adiantou concordar que será necessário apostar na qualificação, sobretudo a do patronato: “é necessário qualificar os portugueses, sim, mas sobretudo também é necessário ainda mais qualificar os patrões. Porque boa parte da formação deles está muito abaixo daquilo que é a formação dos trabalhadores”.
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