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Leiria

Alunos de Leiria voltaram a fazer greve pelo clima mas a adesão foi reduzida

Cerca de 70 alunos do ensino básico e secundário juntaram-se esta manhã na praça Rodrigues Lobo, em Leiria, naquela que foi a segunda greve climática estudantil realizada em Portugal.

Vários alunos da EB 2,3 D. Dinis deram voz à causa, apelando a uma maior intervenção do Governo  Foto: Joaquim Dâmaso

São jovens mas têm uma palavra a dizer em defesa do planeta e de um futuro que temem estar comprometido. Cerca de 70 alunos do ensino básico e secundário juntaram-se esta manhã na praça Rodrigues Lobo, em Leiria, naquela que foi a segunda greve climática estudantil realizada em Portugal.

Faltaram às aulas, a maioria com o apoio dos pais, para pressionar o Governo a tomar medidas efetivas para combater as alterações climáticas.

Apesar da reduzida adesão, quem participou fez ouvir a sua voz entoando palavras de ordem com a certeza da necessidade de uma mudança urgente porque “não há planeta b”.

Os mais jovens, alunos do 6º ano da EB 2,3 D. Dinis, marcharam seguros na frente do cortejo que os levou até aos Paços do Concelho.

“Viemos para defender o ambiente e por causa do aquecimento global que está a causar a destruição do planeta”, resumiu Beatriz. Mas também para “podermos salvar o mundo”, adiantou Rodrigo. “Temos de defender as coisas em que acreditamos”, rematou Carolina, certa de que o que está a ser feito no mundo para salvar o planeta ainda é “muito reduzido, porque as pessoas preocupam-se com o presente e não tanto com o futuro”.

Além da inação das pessoas, é a poluição e a abundância do lixo e plásticos no mar e nas praias que os chocam mais.

Beatriz Baptista, aluna da Secundária Francisco Rodrigues Lobo, defende por sua vez uma maior consciência ambiental e acredita que é possível, individualmente, contribuir para esta causa.

“Se todos mudarmos os nossos hábitos, podemos mudar alguma coisa. Individualmente também contribuímos para a mudança. Se não o fizermos, se não partir de nós, ninguém o vai fazer. Temos que começar por algum lado”, frisa, acrescentando ter abdicado com alguns colegas de uma aula importante para um bem que considera maior.

“Se não lutarmos por isto, não haverá volta a dar e as aulas não irão servir de nada”, refere, ela que se diz particularmente preocupada com o degelo, a subida do nível das águas do mar, o aumento da temperatura do planeta e as ondas de calor.

Já Francisco Casalinho considera dramática a deflorestação, com consequente destruição de habitats e fonte de oxigénio.

Diana Santos foi um dos poucos adultos que aderiu esta manhã ao protesto em Leiria. Acompanhada do filho de seis anos, admite que esperava uma maior participação e lamenta que as pessoas ainda não estejam “a ver o que está a acontecer”.

“Espero é que realmente os políticos comecem a agir o mais depressa possível. Parecem que vivem noutro mundo. Sei que as coisas são complicadas de mudar de repente mas já está mais do que na hora, já vamos com um atraso tremendo”, alerta, realçando a iniciativa e o facto de ter sido iniciado por “uma menina que conseguiu pôr realmente muita gente a lutar pela nossa casa, por todos nós”.

Considerando o impacto das alterações climáticas “tremendo”, realça o desaparecimento das espécies e da biodiversidade e a poluição dos oceanos.

Miguel Ribeiro, estudante do ensino superior e elemento da organização do protesto em Leiria, subscreve. “A situação em que nos encontramos é muito perigosa e se nós não fizermos repercussão do problema estamos a pôr em risco a sobrevivência da nossa espécie”, acredita, determinado em participar em novas formas de luta em prol desta causa.

A greve climática estudantil que registou na região protestos em Ansião, Caldas da Rainha, Marinha Grande, Pombal e Ourém, mobilizou a nível nacional milhares de estudantes.

O movimento que reivindica por parte do Governo a declaração do estado de emergência climática, como já fizeram a Irlanda e o Reino Unido, reclama ainda o encerramento das centrais termoelétricas a carvão de Sines e Pêgo e a proibição da exploração de combustíveis fósseis em Batalha e Pombal.

Mas não só. A antecipação para 2030 da meta para a neutralidade carbónica, a expansão das energias renováveis e o melhoramento do sistema de transportes públicos são outras razões que levaram mais de 30 instituições em Portugal, como sindicatos, organizações da sociedade civil e um partido político a subscrever um manifesto de apoio à paralisação.

Martine Rainho
Jornalista
martine.rainho@regiaodeleiria.pt

Joaquim Dâmaso
Jornalista
joaquim.damaso@regiaodeleiria.pt


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