Do acidente resultou a morte de Manuel Santiago e Nelson Machado, empresários e ex-autarcas de Porto de Mós e Caldas da Rainha, respetivamente Foto: Joaquim Dâmaso
A queda da aeronave que caiu no domingo no Aeródromo do Falcão, em Gândara dos Olivais, Leiria, provocando duas mortes, poderá dever-se a uma falha do motor.
Numa nota informativa divulgada no seu site, o Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves e de Acidentes Ferroviários (GPIAAF) diz não excluir “a possibilidade de o motor não estar a debitar potência no momento da colisão com o solo”.
As primeiras conclusões da investigação, ainda provisórias, dão ainda conta de que a aeronave ligeira, modelo Bristell UL, descolou do Aeródromo de Leiria, pelas 16h10 (15h10 UTC – Tempo Universal Coordenado), com dois pilotos a bordo para um voo local. O voo durou 45 minutos, com o registo do acidente às 16h56 (15h56 UTC).
“O voo terá decorrido com normalidade, com a realização de vários circuitos standard, aterragens/descolagens do tipo tocar e andar, incluindo simulação de falha de motor à vertical do aeródromo, com o objetivo de garantir ao piloto comandante, sentado à esquerda, a proficiência necessária na aeronave para mais tarde se sentir confortável para o voo a solo”, explica o GPIAAF.
“Segundo testemunhas, após cerca de 45 minutos de voo, a aeronave realiza uma passagem baixa na pista 02, sobe com um ângulo pronunciado e efetua uma volta de 180 graus pela esquerda, iniciando nova passagem baixa, desta vez na pista 20”, acrescenta a mesma nota.
A aeronave terá iniciado de seguida “nova subida pronunciada até cerca de 600 pés (cerca de 183 metros – estimados por testemunhas), com volta novamente à esquerda, iniciando uma descida não controlada com velocidade horizontal reduzida”.
O ultraleve viria a despenhar-se a 150 metros a noroeste da soleira da pista 02, “praticamente na horizontal, com um pequeno ângulo de nariz em baixo, estimado entre os 15 e os 20̊ (graus) e com velocidade horizontal praticamente nula”, incendiando-se de imediato, tendo o alerta sido dado via 112 por pessoas ao serviço do Aeroclube de Leiria.
As tentativas de socorro, com recurso a extintores portáteis, não conseguiram contudo impedir a destruição da aeronave e a propagação das chamas aos pinhal, tendo os dois ocupantes sofrido ferimentos fatais.
Morreram no acidente Manuel Santiago, de 67 anos, residente e sócio de uma empresa de cerâmica em Cumeira, freguesia do Juncal, no concelho de Porto de Mós, e Nelson Machado, de 41 anos, empresário do sector agrícola em Fanadia, ex-freguesia de S. Gregório, concelho de Caldas da Rainha.
Os dois “estavam devidamente autorizados e certificados para a condução do voo” e a aeronave “estava autorizada a voar de acordo com os regulamentos em vigor”, nota ainda o gabinete.
Durante o voo, os tripulantes mantiveram “as comunicações bilaterais estritamente necessárias com o serviço de informação de pista do Aeroclube de Leiria”, não tendo sido reportado qualquer problema ou limitação da tripulação ou aeronave.
Notificado às 17h17, o GPIAAF deslocou uma equipa de investigação de aviação civil para o local, tendo aberto um processo de investigação de segurança às causas do acidente.
A investigação, que visa identificar as causas do acidente “com vista à eventual emissão de recomendações para prevenção e melhoria da segurança da aviação civil”, é “independente e distinta de quaisquer processos judiciais ou administrativos que visem apurar culpas ou imputar responsabilidades”, sublinha ainda o gabinete, que deverá apresentar um relatório final no prazo de 12 meses.
MR