O projeto SOMA, da Associação de Dança e Desenvolvimento Social de Leiria, já subiu várias vezes ao palco do Teatro José Lúcio da Silva
O projeto “SOMA”, da Associação de Dança e Desenvolvimento Social de Leiria, foi um dos dois projetos distinguidos com o Prémio Acesso Cultura – Acesso Social, pelo seu trabalho na área da dança inclusiva.
A entrega dos prémios da Acesso Cultura – Associação Cultural aconteceu na passada quarta-feira no Atelier-Museu Júlio Pomar, em Lisboa, tendo a Sociedade Artística Musical dos Pousos recebido uma menção honrosa pelo projeto “Ópera na Prisão”.
Além destas duas instituições de Leiria, foram distinguidos o Museu Nacional Machado de Castro, de Coimbra, com o Prémio Acesso Cultura 2019 – Acesso Integrado, a Ondamarela, de Guimarães, o Espaço t – Associação para o Apoio à Integração Social e Comunitária, do Porto, pelo projeto “Palcos para a Inclusão” com o segundo Prémio Acesso Cultura – Acesso Social, e o Museu Henrique e Francisco Franco (Funchal), com uma menção honrosa.
Este ano, foram recebidas 31 candidaturas e aceites 29, aos prémios Acesso Cultura, que distinguem boas práticas na área da acessibilidade cultural em todo o país.
De acordo com a organização, os projetos apresentados na edição de 2019 “foram reveladores de iniciativas dinamizadas em todo o território nacional, que se destacam pela consciência social e pela valorização humanística e comunitária da cultura nas sociedades do presente”.
No que toca aos projetos de Leiria, e de acordo com os textos justificativos do júri, “o projeto SOMA adquiriu um lugar exemplar nas práticas que promovem o acesso à cultura a pessoas com deficiência física e intelectual, e às comunidades locais. Desde 2014, proporciona o desenvolvimento de competências e, por via de protocolo com várias entidades, chega a diversos públicos: crianças em risco psicossocial ou em situação de vulnerabilidade social; crianças com multideficiência; jovens e adultos com deficiência visual e intelectual; e ainda, a população sénior institucionalizada”.
Segundo a organização, este projeto oferece aulas gratuitas de dança inclusiva, onde pessoas com e sem deficiência podem participar na criação e interpretação que culmina em espetáculos da comunidade.
Quanto à Menção Honrosa para a Sociedade Artística Musical dos Pousos, em Leiria, pelo projeto “Ópera na prisão”, a Acesso Cultura recorda que aquela entidade é uma instituição de utilidade pública fundada em 1873 e, para além da Filarmónica, corpo histórico da instituição, de uma Escola de Artes com ensino oficial de música, e de várias formações corais e instrumentais, desenvolve, em parceria com diversas instituições e órgãos do Estado, um conjunto de programas nos âmbitos da formação, musicoterapia e terapias expressivas.
O júri destacou que o projeto “Ópera na prisão” “tem vindo a ser desenvolvido desde 2004 de uma forma regular e sustentada, e que foi pioneiro a nível nacional, constituindo-se como referência”.
Projeto “Ópera na prisão” já tinha sido distinguido em 2016 com um prémio de acessibilidade social Foto: JD
“Este projeto assume uma forte intervenção social através dos vários programas que desenvolve no âmbito dos efeitos terapêuticos das artes”, acrescenta.
Depois de ser distinguido em 2016 com um prémio de acessibilidade social, o júri dos Prémios Acesso Cultura volta a distinguir este projeto, através de uma menção honrosa, visando “o reconhecimento da continuidade deste projeto”.
No quinto ano desta nova fase, o foco de “Ópera na Prisão” incidiu sobre as famílias dos reclusos.
O júri dos Prémios Acesso Cultura foi composto por Nuno Santos, responsável pela acessibilidade no Teatro São Luiz, em Lisboa, Paula Varanda, investigadora e gestora cultural, membro da Acesso Cultura, e pela arquiteta Susana Machado.
O anúncio dos prémios está inserido na Semana Acesso Cultura 2019, que está a decorrer até domingo em dez cidades do país, para abrir ao público bastidores de espaços culturais, realizar debates e entregar prémios de boas práticas na área da acessibilidade.
Até domingo, haverá atividades em museus, palácios, teatros e outros espaços culturais nas cidades de Águeda, Coimbra, Funchal, Leiria, Lisboa, Porto, Sever do Vouga, Sintra, Torres Novas e Vila Nova de Famalicão.
Ao longo dos últimos seis anos, a Acesso Cultura tem vindo a promover iniciativas, desde ações de formação a debates, assim como as chamadas “Sessões Descontraídas”, de teatro, dança, cinema ou outro tipo de oferta cultural, que decorrem numa atmosfera “com regras mais tolerantes” quanto “a movimento e barulho na plateia”, dirigidas a públicos com necessidades especiais.
A associação trabalha em regime de voluntariado e com parcerias para promoção do acesso físico, social e intelectual à participação cultural.
Lusa (editado)