A Linha ferroviária do Oeste (Figueira da Foz/Lisboa), datada do século XIX, aguarda há mais de duas décadas por obras de modernização, sucessivamente adiadas pelo Governo desde há pelo menos duas décadas.
Em 2008, autarcas, empresários e passageiros voltaram a ter fortes expetativas de que a modernização iria mesmo avançar, quando o Governo incluiu o projeto de 120 milhões de euros no plano de compensações aos municípios pela deslocalização do aeroporto na Ota.
Contudo, “o investimento da requalificação da linha do Oeste está adiado [de novo] por razões que se prendem com a política de restrição orçamental, o que nos preocupa seriamente”, afirmou à agência Lusa Rui Raposo, líder da Comissão de Utentes para a Defesa da Linha do Oeste.
Em julho, foi notícia que a Refer pediu ao Governo a suspensão da modernização da Linha do Oeste, no âmbito das restrições da despesa pública previstas no Plano de Estabilidade e Crescimento.
“Não nos parece aceitável esta política de abandono da Linha do Oeste, porque estão em causa diversas regiões afetadas por esta falta de investimento na linha e o interesse nacional”, referiu, sublinhando que “o transporte ferroviário é menos poluente que o transporte rodoviário”.
Dois séculos depois da sua inauguração, as escassas inovações tecnológicas na Linha do Oeste levam os utentes a optar pela auto-estrada, que reduz o percurso de uma para meia hora no trajeto Torres Vedras- Lisboa.
Além disso, “os horários não são adaptados ao fluxo de passageiros existente”.
“No percurso até Lisboa, podia servir a população que se desloca para a capital desde que fosse feita a eletrificação, a duplicação da via, se aumentasse o número de comboios, se melhorasse o material circulante, se desse maior conforto aos utentes”, explicou Rui Raposo, sublinhando que “tem de haver um forte investimento na linha” para se tornar concorrencial com o transporte rodoviário.
“Seria um investimento rentável porque a linha tem zonas, como Leiria, Caldas da Rainha, Torres Vedras ou Mafra, onde há uma circulação diária de pessoas para Lisboa”, sublinhou.
Em 2008, o plano de compensações e as orientações estratégias do setor rodoviário, previam sobretudo a renovação e eletrificação da via e a realização de um estudo para verificar a viabilidade de um novo traçado, desde a Malveira até Lisboa, com a entrada na capital por Loures, em vez de Sintra.
Todo o investimento visava reduzir os tempos de percurso, aumentar o número de passageiros e de mercadorias a circular, aumentar os padrões de segurança e de competitividade da linha.