O Movimento do Centro contra Exploração de Gás voltou a manifestar-se esta terça-feira à porta da Câmara de Leiria, enquanto decorria a reunião do executivo, alertando para os riscos ambientais decorrentes de qualquer tipo de prospeção de gás na Bajouca.
Aproveitando a primeira sessão pública presidida por Gonçalo Lopes, depois do pedido de suspensão de Raul Castro da liderança do Município, alguns elementos pediram ao executivo uma tomada de posição inequívoca contra a exploração de gás na região por qualquer meio, no âmbito dos contratos de concessão “Pombal” e “Batalha”, que prevêem a realização de furos na Bajouca e em Aljubarrota.
Gonçalo Lopes reiterou a posição anteriormente assumida pelo seu sucessor, referindo que o Município iria aguardar o estudo de impacto ambiental (EIA) para voltar a pronunciar-se, e que iria socorrer-se para o efeito da experiência de especialistas com vista a uma avaliação tecnicamente fundamentada relativamente a todo o processo.
Lembrando o facto de a Câmara ter aprovado em novembro passado, por unanimidade, uma moção contra a utilização de fracking (fratura hidráulica), o presidente da Câmara garantiu estar sensível às preocupações da população e do movimento e que tem acompanhado o processo desde a primeira hora.
Recordou estarem em causa contratos celebrados em 2015 entre o Governo e a Australis Oils & Gas e que compete à Assembleia da República fiscalizar a atuação do Governo. “O poder de decisão não está na Câmara Municipal”, salientou, referindo contudo que o período eleitoral em curso constitui uma “janela de oportunidade para intervir” e fazer chegar as preocupações das populações junto de quem de direito.
Ainda assim, população e ativistas não ficaram tranquilizados e prometem continuar a lutar com vista ao cancelamento deste dois contratos de concessão.
“Pela urgência climática, pelas profundas agressões que a nossa região e planeta estão a sofrer de uma forma constante, este é momento de posições clara e inequívocas. Este é o momento de saber com quem contar, sem rodeios ou ‘jogos de cintura’”, sustenta o movimento em comunicado, advogando por parte da Câmara de Leiria uma posição semelhante ás já tomadas pelas autarquias de Fafe e Braga contra a exploração de lítio nos seus concelhos.
“Relembramos que dos 15 contratos para prospeção e exploração de hidrocarbonetos que estavam em vigor no final de 2015, apenas os de ‘Batalha’ e ‘Pombal’ continuam ativos, numa área com cerca de 2.500 km2”, acrescenta o movimento.
O protesto, que juntou uma dezena de ativistas à porta da Câmara de Leiria, foi ainda aproveitado para tricotar uma Linha Vermelha. A campanha de âmbito nacional visa alertar para os problemas da exploração de petróleo e gás em Portugal
Martine Rainho
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Joaquim Dâmaso (fotografias)
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