A associação ambientalista Quercus contestou hoje a instalação de aerogeradores no parque eólico de Alvaiázere, junto de um abrigo “de importância nacional” para a conservação de morcegos ameaçados de extinção.Em comunicado, a Quercus sustenta que os aerogeradores foram instalados num Sítio de Importância Comunitária da Rede Natura “sem terem sido avaliadas alternativas de localização”, o que para a associação revela a “irresponsabilidade” do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade e uma “enorme falta de responsabilidade ambiental do promotor”.
Segundo a associação ambientalista, um dos aerogeradores “está fora da área de estudo prévio do processo de avaliação de impacte ambiental e, portanto, como não foi aprovado, não devia ter sido instalado”.
Por outro lado, recentemente foi colocado um outro aerogerador “a cerca de 100 metros abaixo do abrigo dos morcegos”, o que “representa um risco elevado para a sobrevivência destas espécies”.
A associação ambientalista refere que “existem várias espécies de morcegos que são vulneráveis ou ameaçadas de extinção nesta zona de maciço calcário do Sítio da Rede Natura 2000”.
“Até o estudo sobre morcegos incluído no RECAPE [Relatório de Conformidade Ambiental do Projeto de Execução] solicitado pelo promotor confirma a existência de 14 espécies de morcegos”, lê-se no comunicado, o qual sustenta que das espécies “três apresentam um estatuto de conservação criticamente em perigo de extinção, uma encontra-se em perigo e cinco espécies são consideradas vulneráveis”.
Segundo a associação, “a proximidade de parques eólicos junto de populações de morcegos, para além de perturbar o habitat, eleva a probabilidade de colisão”, sendo que “o Eurobats, organismo técnico europeu especializado na conservação de morcegos, aconselha que estas infraestruturas se localizem a não menos de cinco quilómetros de distância de abrigos importantes”.
A Quercus informa ainda que interpôs uma ação no Tribunal Administrativo e Fiscal de Leiria para contestar a colocação de três aerogeradores junto do algar dos morcegos, tendo a providência cautelar decretado que um deles “não deverá funcionar no período em que se julga existir uma maior atividade dos morcegos”.
“Dado que a decisão não salvaguarda algumas espécies protegidas com estatuto bastante ameaçado”, a Quercus recorreu.
O dirigente da Quercus Domingos Patacho disse à agência Lusa que “a associação não está contra a instalação de parques eólicos”, mas estes “não podem ser feitos sem respeitar os valores ambientais protegidos legalmente”.
A agência Lusa contactou a empresa responsável pelo parque eólico de Alvaiázere, a Sealve, do grupo Finerge, que não tece nenhum comentário ao comunicado da Quercus.