O humorista brasileiro junta mitologia grega aos absurdos do quotidiano, nomeadamente os do Brasil de hoje Foto: Elisa Mendes
O ator e humorista brasileiro Gregório Duvivier vai estrear em Portugal o espetáculo “Sísifo” numa digressão que passará por Caldas da Rainha, a 1 de dezembro. O espetáculo sobe ao palco do Centro Cultural e de Congressos dia 1 de dezembro e o preço dos bilhetes varia entre 20 e 22,5 euros (podem ser adquiridos online aqui).A nova peça é um monólogo que junta a mitologia grega aos absurdos do quotidiano, do mundo interligado e do Brasil. Com direção de Vinícius Calderoni, o espetáculo é inspirado em Sísifo, personagem da mitologia grega que é condenado pelos deuses a carregar diariamente a sua enorme pedra às costas montanha acima apenas para vê-la rolar para baixo, e começar tudo de novo.
Segundo a produção, o texto, para maiores de 12 anos, “relaciona a mitologia grega ao caótico mundo globalizado e interligado, sem esquecer o Brasil dos memes“.
“Há uma célebre frase de Marx que diz que a história acontece primeiro como tragédia, depois como farsa. Ao dissecar o Brasil contemporâneo, os autores pretendem acrescentar como hipótese um terceiro desdobramento: a história acontece primeiro como tragédia, depois como farsa e por fim, como um meme?”, segundo o texto divulgado.
Ator, escritor e guionista, Gregorio Duvivier – crítico do governo do Brasil e de Jair Bolsonaro – é um dos criadores do “Porta dos Fundos”, o maior canal de sketches do Brasil e um dos cinco maiores do mundo, com quase 15 milhões de inscritos e mais de 850 sketches filmados.
Em entrevista à agência Lusa no Rio de Janeiro, o ator comentou a situação política no Brasil, criticando a comunidade internacional, nomeadamente a União Europeia (UE), por “patrocinar o fascismo” do Governo brasileiro, através da firmação de acordos comerciais.
“Acho que a comunidade internacional tem como ser muito mais exigente. É um absurdo chamar um sujeito de fascista e ‘ecocida’ [que causa destruição intencional num ecossistema ou comunidade] e continuar a comprar soja dele. Será que não entendem que o que causa desflorestação é a [produção de] soja, que é a política ruralista de Bolsonaro que acaba com a Amazónia? Então, você vai continuar a fomentar a política ruralista, apenas criticando a figura do Presidente?”, questionou Duviver, acrescentando que “não faz o menor sentido”.
Apesar de o artista brasileiro considerar Bolsonaro o “grande vilão” responsável pelos problemas ambientais que o Brasil hoje enfrenta, como os incêndios na Amazónia, ou as contínuas manchas de petróleo nas águas do nordeste do país, Duvivier frisa que o chefe de Estado tem “grandes parceiros internacionais, e um deles é a União Europeia”.
Gregório Duvivier aproveitou a entrevista à Lusa para apelar à Europa que não firme acordos comerciais com o país sul-americano, sem que esses impliquem obrigações ambientais e democráticas.
Duvivier declarou ainda que os políticos da extrema-direita devem ser colocados “no ridículo a que eles pertencem”.
A digressão de Duvivier em Portugal arranca dia 28 de novembro em Lisboa, no Tivoli, e, além de Caldas da Rainha, passa depois por Braga (30 de novembro no Espaço Vita), no Porto (2 de dezembro, no Teatro Sá da Bandeira), e Estarreja (3 de dezembro, no Cineteatro de Estarreja), regressando novamente a Lisboa, no dia 4 de dezembro. Lusa