O REGIÃO DE LEIRIA entrevistou Phoebe Killdeer, vocalista dos Nouvelle Vague, banda que atua sexta-feira em Leiria. Phoebe Killdeer explicou o que se pode esperar do concerto em Leiria e da razão de ser da cumplicidade que banda mantém com o público luso.
Remonta a 2004 o primeiro trabalho do Nouvelle Vague. Com clássicos da música independente que ganham nova vida e roupagem, rapidamente conquistaram o público de vários pontos do globo. Portugal não é exceção. Antes pelo contrário.
Os concertos em terras lusas são bastante procurados, de tal forma que a banda gravou dois discos ao vivo, “Aula Magna” e “Acoustic”, disponíveis exclusivamente no mercado nacional. A banda de Marc Collin e Olivier Libaux está a celebrar o 15º aniversário e esta sexta-feira dá um concerto no Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria.
Phoebe Killdeer e Melani Pain estarão em palco para interpretar os clássicos e os inéditos da banda.
REGIÃO DE LEIRIA – O que é que o público de Leiria pode esperar do concerto da próxima sexta-feira?
Phoebe Killdeer – É o nosso 15º aniversário. É a tournée dos 15 anos dos Nouvelle Vague. É, basicamente, um espetáculo que nos transporta para o que era o início da banda. Será um set minimalista, com guitarra acústica e dois teclados. É muito minimalista, não há bateria nem baixo. Gostamos de regressar para este set minimal e voltar à essência das canções. Celebramos as canções, mais uma vez, agora com uma coloração diferente.
Vão tocar temas novos?
Há novas canções, que não tocámos antes, que fazem parte de recentes trabalhos, “Curiosities” e “Rarities”. Sim, vamos tocar canções novas.
Como referiu, os Nouvelle Vague atingiram a marca dos 15 anos de atividade. Tem sido um processo divertido, surpreendente ou difícil?
Tem sido muito divertido e leve. Viajamos pelo mundo, muitas vezes, e tem sido um processo muito agradável. A atitude da banda é muito positiva. É muito agradável ir em tournée. E é ótimo para mim porque não ia em tournée com eles há algum tempo, talvez há uns dez anos. Portanto, é ótimo regressar.
Parece haver uma relação especial entre os Nouvelle Vague e os fãs portugueses…
Sim…
A banda até lançou gravações feitas em Portugal. Como se explica este tipo de cumplicidade?
Acho que foram as pessoas que nos escolheram. Quando se faz música ou um projeto, não escolhemos, necessariamente, onde vamos ter sucesso. É sempre surpreendente. Estamos muitos contentes, porque adoramos Portugal, as pessoas são muito calorosas. Estivemos em Faro ontem à noite e esgotou. É sempre uma grande experiência vir cá.
A língua portuguesa tem uma palavra, “saudade”, que nos remete para um sentimento agridoce de nostalgia. As canções que os Nouvelle Vague recriam e reinventam, dão-nos um pouco desse sentimento. Será que este facto ajuda a explicar o vosso sucesso por cá?
Talvez, é possível. Mas, provavelmente, saberá melhor responder a essa pergunta, uma vez que é de cá… Mas acho que sim (risos).
Acredito que provavelmente ajuda a explicar, porque quando recriam algumas canções que fizeram parte do nosso crescimento, sentimos algo similar a essa nostalgia agridoce. Pode ser uma explicação, não sei ao certo…
Completamente. E muito do público nos nossos espetáculos, são pessoas que cresceram nos anos 80. É curioso, porque constatamos que há pessoas muito novas que vêm ter connosco e dizem: ‘os meus pais costumavam ouvir a vossa música quando eu era criança e ouço-vos há 15 anos’. E vêm aos espetáculos (risos). É muito agradável.
Sente o mesmo quando canta algumas canções que fazem parte da sua identidade?
Sim, claro. E é engraçado porque para cada pessoa é algo muito específico. Lembra-nos um momento particular na nossa vida, positivo ou negativo, ou o que for. Pode ser ambos. É ótimo, é o poder da música. É maravilhoso pela capacidade de resgatar emoções. Acho que é um processo muito terapêutico, porque estamos a reviver o nosso passado, a nossa história. E podemos crescer com isso, é maravilhoso.
Os Nouvelle Vague vão para a Austrália em janeiro. Julgo que a Phoebe Killdeer tem raízes lá. Está ansiosa por ir lá?
Sim, muito. Vou visitar a minha família. É uma grande oportunidade. Tenho consciência das questões relacionadas com as viagens e as alterações climáticas. Para mim é importante que [a viagem] não seja apenas para fazer espetáculos, mas também para visitar família que raramente vejo. A minha avó vai fazer 100 anos…
Parabéns…
Sim (risos), vai ser ótimo.
CSA