A rapariga sueca desencadeou uma enorme polémica, levou o mundo a dividir-se em dois, pró e contra Greta, e tornou-se um fenómeno destes tempos de redes sociais e de globalização, tendo contribuído poderosamente para colocar na ordem do dia em muitos países, sobretudo ocidentais, a questão climática, o que justifica que a Time a tenha distinguido como personalidade do ano.
O impacto gerado mobilizou milhões de jovens e adultos num tempo de recuo das grandes ideologias do século XIX e XX, que ajudaram a moldar o nosso mundo, e é mais um sinal dos tempos de mudança profunda a que estamos a assistir e que farão do futuro algo muito diferente do que temos vivido.
Mas o fenómeno Greta leva-nos a outras reflexões face à degradação do ambiente e à necessidade imperiosa de mudar profundamente os nossos comportamentos, nomeadamente adotando estilos de vida mais conformes com a necessidade de diminuir a pegada ecológica.
E assim chegamos ao Natal. Notam alguma diferença nos comportamentos? Mais preocupação em se reduzirem os consumos, poupar-se nas iluminações, optar-se por menos e mais ecológicos presentes? Acredito que alguns o façamos, mas não passaremos de “gretos”, que muito poucos levarão a sério. E aqui voltamos a Greta, como impacta a sua mensagem no dia-a-dia das sociedades? Passado o efeito da festa do protesto a maioria volta ao quotidiano que lhe interessa e depressa esquece o alerta, e os jovens têm muito com que se entreter.
E não é preciso inventar nada, é só olhar para a tradição, se atentarmos no simbolismo do Presépio e o preferirmos ao consumismo da Árvore de Natal estaremos a fazer o que Greta, com tanto sucesso, tem defendido. O futuro só pode ser de maior contenção e isto é o que ninguém quer ouvir. O Natal é uma festa da família, mas tornou-se num evento de consumismo sem freio.
(Artigo publicado na edição de 19 de dezembro de 2019 do REGIÃO DE LEIRIA)