O bispo de Leiria-Fátima, António Marto, considerou hoje que o mundo “está desorientado” por causa “da crise de um mercado que se julgou omnipotente”.
O prelado, que falava em conferência de imprensa horas antes da abertura das cerimónias da peregrinação de 12 e 13 de outubro ao Santuário de Fátima, disse que a sociedade está “a experimentar um mal-estar de civilização”.
Segundo António Marto, “aumenta a riqueza, mas não diminui a pobreza, aumenta o consumismo e crescem os índices de infelicidade”.
Esta “é uma sociedade afetada pelo desemprego e novas formas de pobreza”, disse o bispo de Leiria-Fátima, para quem o mundo atual se apresenta “com corpo de gigante, mas com alma de anão”.
O mundo “precisa de um suplemento de alma, no campo dos valores, de um amor solidário”, acrescentou.
Para António Marto, no final de “uma década difícil”, o mundo necessita de “uma cidadania social por parte de todos, de uma modificação do estilo de vida, mais sóbrio em relação ao consumismo e mais solidário com as vítimas, os mais pobres”.
Na ocasião, o bispo frisou o facto de o plano pastoral da diocese para o próximo ano ser dedicado à “caridade”.
António Marto reconheceu que na diocese “há mais pessoas a recorrerem à Cáritas” e mais de seis mil pessoas são apoiadas por instituições da Igreja Católica.
Já o reitor do Santuário de Fátima, Virgílio Antunes, revelou que, anualmente, esta instituição destina entre 700 e 800 mil euros para um fundo de caridade.
Os tempos de crise começam, entretanto, a fazer-se sentir no Santuário da Cova da Iria, com Virgílio Antunes a admitir que “há uma tendência para as pessoas deixarem menos esmolas na Capelinha das Aparições”.