Todas as histórias de amor são únicas. A minha e do Luís compõe-se de 8 anos de namoro, 21 de casamento e uma história que começou em 1990 e sempre se fez de muitos quilómetros percorridos entre Leiria, Viseu, Coimbra, Elvas e Góis. Em 1998, arranjámos pouso certo e o nosso caminho parecia uma autoestrada percorrida numa velocidade serena e tranquila. Mas a vida (e a crise em Portugal) tinha outros planos.
Em 2013, todas as portas se fecharam e não se entreabriam com currículos nem com histórias de amor e, por isso, o mar entre Portugal e Angola foi o primeiro a separar-nos. Seguiu-se Inglaterra, Irlanda e, atualmente, Eslováquia. Fez já sete anos que passamos muitos dias separados fisicamente, mas temos dado luta e procurado (e encontrado) caminhos comuns e paragens obrigatórias.
Como é que é amar com 3000 quilómetros a separar-vos?-perguntam-nos por vezes. Com confiança e querer-respondemos. A resposta simples reveste-se, contudo, de complexidade. Claro que já pensei que ele pode conhecer alguém e querer desistir. E sei que o mesmo já lhe passou pela cabeça em relação a mim. No entanto, quantos casais não se sentem só vivendo juntos? Quantos não terminam histórias mesmo partilhando a mesma cama os 365 dias por ano?
A nossa história tem, como a de todos, altos e baixos, discussões, pazes feitas, dúvidas e amuos, mas enquanto eu tiver a certeza de que quero envelhecer com o Luís e enquanto sentir que ele quer o mesmo, acredito que o caminho, com apeadeiros e desvios, com crateras no asfalto ou desníveis na estrada, será trilhado a dois. O que o conta-quilómetros da distância marcar será o pormenor que fará da nossa história, como todas as histórias de amor, imperfeitamente única.
(Artigo publicado na edição de 13 de fevereiro de 2020 do REGIÃO DE LEIRIA)