Era uma viagem há muito desejada mas depressa se tornou num pesadelo. Cinco jovens de Leiria estão desde ontem de manhã, terça-feira, a tentar sair de Itália, mas o bloqueio de fronteiras, imposto no país por causa da pandemia Covid-19, não permite que façam a viagem de regresso.
“Tivemos voo para cá e correu tudo bem na viagem mas assim que chegámos tivemos a informação que as fronteiras estavam fechadas. Fomos logo à procura de comprar bilhete para voltar mas já não conseguimos”, explica um dos jovens ao REGIÃO DE LEIRIA.
“Não há voos, não há carros disponíveis, nem barcos. Ninguém sai”, acrescenta outro jovem.
A viagem foi marcada há algumas semanas e até ao início da semana o grupo não recebeu informação de qualquer cancelamento, motivo pelo qual decidiu manter a viagem até Roma, onde estava previsto que ficassem até sábado, data em que termina também o aluguer da habitação onde estão alojados.
Apesar do elevado número de casos de pessoas infetadas com Covid-19 em Itália, o grupo entendeu que a viagem para Roma poderia ser realizada, pois encontra-se afastada da zona mais afetada de Itália (norte do país) e porque não houve cancelamentos.
Os jovens, alguns menores de idade, não estão impedidos de circular na cidade italiana mas devem fazê-lo acompanhados de uma declaração, validada pela polícia e que justifica a deslocação. O documento foi entregue pela Secção Consular da Embaixada de Portugal em Roma , onde estiveram hoje a solicitar apoio para o regresso.
“Não nos conseguiram ajudar muito. Entregaram-nos a declaração e disseram-nos que a tínhamos que ter caso quiséssemos atravessar a fronteira”, dizem os jovens, que preferem manter o anonimato, para salvaguardar os familiares.
Em Roma, a cidade, contam, “não está parada” e “nem toda a gente anda de máscara”. “Há algumas limitações nos restaurantes e nos supermercados, as pessoas não podem andar em grupo e sempre que isso acontece a polícia avisa para se manter a distância. Nos supermercados, por exemplo, só pode entrar uma pessoa por grupo”, diz um dos jovens, com 21 anos.
“Neste momento queremos sair o mais rápido possível. Era para ser uma viagem tranquila e está a ser um pesadelo. Ponderámos ir até França mas para isso é preciso ir para norte, a zona mais afetada. É demasiado arriscado, só podemos ir se soubermos que podemos sair do país”, descrevem, indicando que por via aérea, o próximo voo para Portugal está marcado para 30 de março. “Isto se até lá não o cancelarem também”, desabafam.
Este não é o único caso. Quando se dirigiram à Secção Consular, o grupo encontrou mais três cidadãos nacionais, da zona do Porto, que também procuram sair de Itália.
Em Portugal, o REGIÃO DE LEIRIA sabe que os encarregados de educação e os pais dos jovens estão a desenvolver contactos com várias entidades, regionais e nacionais, para conseguir garantir a viagem de regresso o mais breve possível, sem sucesso até ao momento.
Margarida Cordeiro disse:
O meu filho e 2 colegas estão há semanas a tentar sair de Milão sem sucesso. São estudantes de Erasmus e já compraram 4 voos que foram sucessivamente cancelados. Não tenham muitas ilusões. O pais deixou-os á sua sorte. Há 4 semanas em quarentena e sem perspectivas. Um desespero para eles e os pais.
Tuxa disse:
Tenho pena deles mas todos queremos fazer a nossa viagem de sonho
Mas a minha viagem de sonho nesta altura é a minha casa
Essa devia de ter sido a deles também porque nesta altura essa deve ser a viagem de sonho de todos por mim e por todos
Sofia disse:
Foi uma irresponsabilidade terem ido para Itália numa altura destas. As pessoas preferem arriscar a saúde (sua e dos outros) do que desmarcar as férias.