São muitos os testemunhos de portugueses que, nos últimos dias, deixaram Itália e regressaram a Portugal. A falta de informação e a ausência de controlo na chegada a Portugal, e nos aeroportos por onde passam, são as principais críticas que deixam num momento em que o Portugal (e o mundo) está em isolamento por causa da pandemia do novo coronavírus.
“No aeroporto de Bolonha havia imenso controlo policial, mediram-me a temperatura, fizeram-me algumas perguntas e tive que entregar um documento do Ministério do Interior italiano [que justifica a deslocação]. Fiz escala em Paris, onde não houve qualquer controlo, tal como à chegada a Lisboa”, explica Filipe Oliveira.
Ainda antes de vir, Filipe Oliveira contactou a embaixada portuguesa, por email, para saber “se existia algum protocolo de repatriamento” mas a resposta que recebeu apenas o direcionou para a página de internet onde estão descritas as “restrições de entrada, saída e circulação interna durante o período de quarentena em Itália”.
“Fiquei com a sensação de que nem eles tinham muita informação para dar. Na mesma altura, a Áustria decidiu fechar as fronteiras e repatriar todos os austríacos em território italiano”, afirma ao REGIÃO DE LEIRIA.
O leiriense, de 26 anos, vivia em Bolonha há cerca de um ano, onde trabalhava na área de Business intelligence. Tinha viagem marcada para Portugal no final do mês mas a turbulência causada pela Covid-19 acelerou o regresso na passada quinta-feira.
“Bolonha surpreendentemente não foi uma cidade muito afetada, tendo em conta a sua proximidade com a região da Lombardia mas está, neste momento, uma cidade totalmente diferente daquela que encontrei quando cheguei”.
Filipe Oliveira, leiriense que no último ano esteve a trabalhar em Bolonha, Itália
“Bolonha é uma cidade cheia de vida, ruas e praças que, por norma, estão cheias de pessoas e que agora estão desertas. A população italiana levou muito a sério os conselhos do Governo italiano”, admite.
Ainda assim, considera que os elevados números de infetados e de mortes por Covid-19 em Itália se devem às “ações tardias do Governo italiano”.
Jovens regressam de Itália e estão a cumprir quarentena em contacto com autoridades de saúde
Há quatro dias em isolamento voluntário em casa dos pais, na zona de Leiria, Filipe Oliveira vai manter-se afastado por mais duas semanas. “Em Bolonha já estava de quarentena obrigatória, portanto agora é apenas um prolongamento da mesma, mas em casa dos meus pais. Estar isolado a 100% é praticamente impossível, mas tentamos evitar ao máximo o contacto”, explica.
“Após esse período e caso não apresente nenhum sintoma”, irá retomar a “vida normal por casa, seguindo as normas que o governo decretou”.