A necessidade de permanecer em casa em tempos de Covid-19 pode parecer vantajosa para os animais que agora encontram os donos mais disponíveis.
Mas estar mais tempo em casa não deve significar mais mimos, biscoitos e alteração de rotinas, correndo-se o risco de, como diz o velho ditado, “se virar o feitiço contra o feiticeiro”.
Carlos Cruz, da Trelas Soltas – escola de treino e modificação comportamental, conta que a maior dificuldade dos donos “tem sido conseguir aguentar os animais tanto tempo em casa”. A duração dos passeios é reduzida e os patudos não gastam energias.
O treinador de cães aconselha a que o passeio não se foque “na necessidade de encontrar o melhor sítio para fazer chichi ou cocó, mas que seja rentabilizado com exercício”.
Uma boa forma de conseguir isso será recorrer a uma trela de treino, com mais de um metro de comprimento, e lançar dois ou três brinquedos para o patudo brincar nesse raio.
“O cão prefere cinco minutos com uma interação e atividade positiva do que uma hora ou duas à volta do bairro, preso a uma trela de um metro”
Carlos Cruz, da Trelas Soltas
Tão importante como a lavagem das mãos e da roupa depois de uma saída à rua é também a higienização das patas e pelo do cão com água e sabão. As trelas e os brinquedos devem ser também desinfetados.
Nesta altura, a socialização entre cães é desaconselhada, uma vez que o pelo pode ter partículas virais transmitidas pelos donos.
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Segundo Carlos Cruz, a faixa etária acima dos 50 é a que mais possui animais, intervalo em que se situa também o grupo de risco associado ao novo Coronavírus. Mas para quem não pode sair de casa e vive num apartamento também há solução: “podem fazer exercícios de chamada nas escadas do prédio, com duas pessoas, e o cão cansa-se assim”.
A estimulação mental com comedouros interativos, como puzzles ou bolas, é também uma forma de cansar os patudos. Bem como o ensino de truques como o deita, senta ou rebola.
Mas Carlos Cruz alerta para a necessidade de se trabalhar no desapego. Para quem está em teletrabalho, o patudo deve ficar noutra divisão da casa e ver o dono apenas nas horas em que o via anteriormente.
Caso contrário, quando voltar a rotina, o cão “vai ter comportamentos disfuncionais, como latidos, vai começar a estragar a casa, deixar de gostar de estar sozinho ou até ficar deprimido e ansioso”.