Como surge a ideia para este “I’ll never play this live”?
Trouxe uma pequena parte do meu estúdio para casa para poder ir criando e trabalhando durante a quarentena e como sou um gajo dado à preguiça e procrastinação tive que me de desafiar de alguma forma a trabalhar de forma constante. Sempre trabalhei melhor com deadlines, é para mim a forma mais eficaz de acabar projectos. Obrigar-me a lançar pelo menos três músicas por semana pareceu-me a melhor ideia para estimular a minha criatividade e capacidade de produção. Para além disso a infelicidade e a amargura sempre foram um grande catalisador da minha criatividade, à falta de mais que fazer vou tirando proveito de toda esta situação.
Que territórios musicais são estes que anda a explorar?
Com Few Fingers e Jerónimo escrevo para um género musical específico; com este projeto não quero estar confinado a géneros, já me basta o confinamento literal das paredes cá de casa. Sou influenciado por muita coisa e isso vai poder ouvir-se nestas canções. Não quero pensar, quero criar e produzir sem barreiras.
Imagino que isto seja uma espécie de “laboratório”. O que pode surgir daqui para a produção futura?
Está a ser uma boa escola, principalmente para futuros trabalhos de produção e mistura. Põe-me a explorar a fundo ferramentas digitais que poderão ser uma mais valia ao trabalhar com outros artistas enquanto produtor, alargando assim a minha zona de conforto. E claro a rotina de tentar criar e escrever todos os dias poderá servir para fazer de mim um melhor cantautor. Ou mais produtivo, pelo menos.
Até quando vão acontecer estes lançamentos dominicais?
Vou tentar manter um lançamento por semana até que tudo isto acabe e que seja seguro voltar para o [espaço cultural] Serra e para o meu Balneário Studio. Espero não falhar na promessa, que não me falte força anímica. Seria incrível para todos nós se só lançasse mais 2 ou 3 EPs.
Nunca vai mesmo tocar estas músicas ao vivo?
Escolhi chamar “I’ll never play this live” a estes capítulos de forma irónica e já a pensar que não me queria limitar criativamente. Estou a gravar neste momento uma música com uma vibe bué Deftones (banda que me influencia bastante), mas não me estou a ver a formar uma banda de metal. No entanto poderei aproveitar uma ou outra canção para os meus outros projetos, se fizer sentido, se forem mesmo boas. Aí provavelmente serão tocadas ao vivo.
Como está a reagir a estes tempos, pessoal e profissionalmente?
Não é fácil lidar com a ansiedade que traz o turbilhão de notícias a toda a hora sobre a pandemia que só te dá vontade de pegar no telefone e fazer scroll de 5 em 5 minutos a tentar entender o que é isto e quando é que vai acabar. Vai-nos valendo as video chamadas e os diretos da malta nas redes sociais. Sou músico e técnico de som, fiquei sem trabalho, serão tempos difíceis mas esperemos que tudo volte à normalidade o mais rápido possível. Ainda tenho algum atum na dispensa.