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Peniche

Atouguia da Baleia perplexa com alegado homicídio de criança

População não consegue encontrar explicação para o crime. Pai e madrasta de Valentina Fonseca eram vistos como “uma família normal”

Exterior da igreja matriz de s. leonardo na atouguia da baleia

A população de Atouguia da Baleia está chocada com o homicídio da criança de 9 anos, mas, se não fossem as conversas à porta dos cafés e a presença de televisões, parecia um dia normal nesta vila de Peniche.

“Se já confessou [o crime], tenho de acreditar, mas quando soube nem queria acreditar”, diz Ana Paula Manan, à porta da pastelaria que fica a poucos metros da moradia onde viviam o pai e madrasta da criança, detidos como principais suspeitos do homicídio.

A mulher, que já trabalhou com o suspeito e conhece a sua família, não consegue encontrar explicações para o que aconteceu.

Maria Freire, que mora a escassos metros da moradia, tem também acompanhado “perplexa” as notícias, justificando que, se por um lado, “a vila é sossegada e nunca teve barafundas”, por outro lado, naquela casa parecia que vivia uma “família normal”.

Apesar de tudo, sustenta que a “justiça não pode ser branda”, considerando que “não se faz isso a um filho”.

A residir também a escassos metros da habitação, Luís Pereira, que ainda na sexta-feira conversava com o progenitor da criança para tentar saber se já existiria novidades sobre o seu paradeiro, está “chocado” com o crime, que seria “impensável” para si.

Na vila, à porta dos cafés, o alegado homicídio monopoliza as curtas conversas que a pandemia de covid-19 obriga os populares a ter.

Adelina Cândido, que conhece a família do presumível homicida, conta que ficou “muito surpreendida” com o desfecho deste caso: “São uma família pobre, mas muito boas pessoas”, remata.

“Este desenlace deixou-nos a todos chocados”, refere o presidente da Junta de Freguesia, Afonso Clara, que, durante os quatro dias de buscas, estranhou o facto de o pai não participar nas mesmas, demonstrar um “ar sereno” e “não ter cara de quem estava em sofrimento”, ao contrário da mãe da criança.

Para Marcelo Chagas, vogal da junta de freguesia e um dos impulsionadores por juntar uma centena de populares a ajudar GNR e bombeiros nas buscas, “era importante haver um desfecho para não se instalar o medo entre a população”.

Apesar de terem apelado à ajuda nas buscas, os autarcas temem agora que os casos de infeção por covid-19 possam aumentar na região, uma vez que dezenas de populares, oriundos de vários locais, como Lisboa, Mafra, Caldas da Rainha, Lourinhã e Peniche, concentraram-se no local para procurar a menina.

A criança, de 9 anos, que se encontrava desaparecida desde quinta-feira, após denúncia do pai à GNR, foi encontrada morta no domingo pela Polícia Judiciária (PJ), depois de ter sido vítima dos alegados crimes de homicídio e ocultação de cadáver.

A PJ deteve o pai e a madrasta como sendo os principais suspeitos, após interrogatórios e provas recolhidas, e reconstituiu o crime com a sua colaboração.

A criança terá sido morta na tarde de quarta-feira dentro da moradia da família e o corpo levado depois para um eucaliptal, a seis quilómetros, já na freguesia de Serra d’el Rei, pertencente ao mesmo concelho, onde foi tapado com arbustos.

A menina residia com a mãe, mas estaria a viver com o pai no atual contexto da pandemia.

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