A Associação Portuguesa de Ultimate e Desporto de Disco (APUDD) vai apostar em modalidades com menos jogadores, como discgolf e double disc courr, para retomar o frisbee, afetado pela pandemia de covid-19, afirmou hoje o presidente da instituição.
“Estamos a desenvolver um programa dentro das normas previstas para retomar a prática de desportos de disco em segurança”, explicou José Amoroso, em declarações à agência Lusa.
A intenção passa por incentivar a prática de modalidades de disco (frisbee) “menos desenvolvidas em Portugal do que o ‘ultimate’”, como são o discgolf e do double disc court, segundo o presidente da APUDD, fundada há nove anos.
José Amoroso reconheceu que nestas modalidades as preocupações com a segurança são semelhantes “à maioria dos outros desportos” ao ar livre, sendo que no discgolf “o contacto e manuseamento do disco é individual, tornando o risco praticamente inexistente”, e no double disc court, “praticado a pares, como os desportos de raquetes, tem risco igualmente reduzido”.
O discgolf é disputado em relva, numa variante do golfe em que as bolas são substituídas por discos e os buracos por cestos, com o objetivo de ‘encestar’ no menor número de lançamentos possível, enquanto o double disc court pode ser jogado em qualquer lado, tendo os pares de cruzar os discos no arremesso para os adversários.
No entanto, o dirigente é menos otimista quanto ao regresso do ultimate disc que envolve cerca de 300 praticantes nas ligas nacionais de praia e de relva.
“A emoção e vontade de voltar a jogar tem de estar sujeita aos fundamentos da ciência. Quem somos nós para não concordar com uma entidade como a Direção-Geral da Saúde [DGS)? A razão tem de imperar, por mais que nos custe”, frisou.
O ultimate de praia é disputado num campo com 100 metros de comprimento e 37 de largura, por duas equipas de cinco elementos cada, estando proibida a sua prática nos areais portugueses devido à covid-19, tal como outras atividades desportivas que envolvam duas ou mais pessoas, no âmbito da abertura da época balnear.
Parados há vários meses, os praticantes de desportos de disco – reconhecidos oficialmente pelo Comité Olímpico Internacional desde 2015 – assumem “muita vontade de voltar a jogar, a lançar e confraternizar”.
“Não vamos criticar as diretrizes só porque sim. Melhores tempos virão, em que será possível retornar à prática de forma ajustada e em conformidade com a realidade”, lançou.
Contudo, o responsável da APUDD assumiu-se “cansado de esperar” pela burocracia para a evolução da estrutura para federação, um dossiê que ficou ainda mais ‘congelado’ pela pandemia.
“Pessoalmente, é desgastante. Já são três anos passados e continuamos à espera. A tutela demora a responder, o processo continua a aguardar resposta. Não só neste ponto, mas também ao nível da introdução no programa nacional de Educação Física. Como é possível questões burocráticas adiarem a introdução de desportos que ajudam na promoção dos valores e de uma vida saudável?”, lamentou.
Após a declaração de pandemia, em 11 de março, as competições desportivas de quase todas as modalidades foram disputadas sem público, adiadas – Jogos Olímpicos Tóquio2020, Euro2020 e Copa América -, suspensas, nos casos dos campeonatos nacionais e provas internacionais, ou mesmo canceladas.