Sem sol e com poucos banhistas, a época balnear arrancou hoje com mais gente na marginal e nas esplanadas do que na praia da Nazaré, onde não falta espaço para cumprir distâncias de segurança.
Com algumas nuvens a toldar o sol e a tornar a praia menos convidativa, era na marginal da Nazaré que de manhã cedo se concentrava o movimento, com passeantes e atletas a cruzarem-se no passeio largo.
“Mãe, desvia-te daí que vem ali um a correr e a deitar os bafos todos”, ordena um antigo carteiro, em passeio na marginal que ladeia a praia e onde esteve hoje “só para ver se vai haver ajuntamento”.
Mas não. Na aplicação “Info Praia”, a Nazaré apresenta-se com o sinal verde de “ocupação baixa” e ao areal vão chegando banhistas a ‘conta gotas’.
O casal Rodrigues e os dois filhos, de 14 e 7 anos, vieram de Alenquer, inaugurar a época balnear que hoje arrancou na Nazaré.
“Temos cá casa, passamos sempre cá os três meses de verão e viemos já hoje porque estávamos fartos de estar em casa”, explica a filha Raquel.
Satisfeita com “as normas de segurança” estabelecidas pela autarquia, a família quer “aproveitar este mês” para ir a banhos, suspeitando que “em julho e agosto começam as enchentes e ninguém vai cumprir nada”, diz a mãe, Sofia.
A alguns metros de distância, cinco jovens, entre os 18 e os 20 anos, estendem as toalhas lado a lado.
Vieram da Batalha “os cinco juntos no carro”, explicam, justificando que “não há motivo para ficarem afastados”. Porém, “proximidades só mesmo entre nós”, explica Bárbara Malheiro, do grupo de amigos, que regista com agrado “a forma como estão sinalizadas a entradas, com passadeiras diferentes para quem entra e quem sai da praia”.
“A segurança que esta praia inspira” foi o fator decisivo para o casal Manuel e Fátima Azevedo virem de Matosinhos, com a neta, passar o fim de semana.
“Costumamos ir todos os anos para o sul de Espanha, mas com esta situação resolvemos alugar aqui uma casa e ficar até domingo. Até ver está tudo a correr muito bem”, diz Manuel.
João Narciso e João Silveira, os dois nadadores-salvadores que hoje iniciaram funções, confirmam.
A água “um bocadinho fria” não convida a banhos e, no areal, “está tudo calminho”, dizem, estimando que durante a tarde “a afluência seja maior e já seja preciso fazer um ou outro aviso”.
Com oito entradas duplas (com percursos diferenciados para entrar e sair do areal) montadas, a praia “está preparada para que, desde que haja bom senso, a época balnear decorra com toda a segurança”, defende o comandante da Capitania da Nazaré, Paulo Gomes Agostinho.
Cada entrada ostenta cartazes com regras e conselhos grafadas em português e castelhano, dada a expectativa de “alguma procura por parte de turistas espanhóis, quando abrirem as fronteiras”, explica o capitão do Porto.
Na praia com mais de um quilómetro de comprimento e que oscila entre os 90 e os 140 metros de largura só falta montar as barracas, o que deverá acontecer no início de julho.
Normalmente são montadas cerca de 1.100 barracas, mas este ano, devido às medidas de contenção, “está a ser avaliada a quantidade e forma como vão ser dispostas, se costas com costas, se em ilha”, acrescenta.
Quanto ao resto, “as medidas a cumprir estão claras” e vigilância não falta na praia, assegurada por 26 elementos da estação salva-vidas, da Polícia Marítima, do projeto “Sea watch” e de ronda apeada.
Mas na primeira manhã da época balnear, que se estende até 13 de setembro, pouco havia a vigiar na praia com maior lotação da Região de Lisboa e Vale do Tejo.
Apenas um grupo de quatro adolescente pisou o risco, arriscando dar uns chutos na bola, num jogo rapidamente terminado com um aviso de “sensibilização” da patrulha da polícia marítima.