O bispo de Leiria-Fátima, António Marto, considerou que a transmissão da celebração de missas pela internet e televisão imposta pela pandemia “não era a mesma coisa” e que os fiéis foram colocados perante uma prova “por vezes dura”.
“A celebração entrou nas nossas casas via ‘streaming’ ou via TV, mas todos nos dávamos conta que não era a mesma coisa estar a assistir ou, porventura, a unir-se espiritualmente de longe, à distância, do que estarmos todos à volta da mesma mesa, a celebrar o mesmo dom de Cristo”, afirmou na sexta-feira, 10 de julho, em Fátima o cardeal António Marto.
Na apresentação do livro “No coração da Igreja”, do reitor do Santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas, o bispo de Leiria-Fátima comparou a celebração da missa a outros “bens fundamentais”, como o pão, a água ou a eletricidade, aos quais a pessoas só dão valor quando lhes faltam.
“Acabámos de viver um período longo de confinamento que nos pôs à prova, por vezes dura, da vivência da celebração da nossa fé cristã, durante três meses, nos períodos mais densos do ano litúrgico”, a Quaresma e a Páscoa, disse António Marto.
O livro de Carlos Cabecinhas, que se debruça precisamente sobre as várias dimensões do ritual da missa, surge, assim, “nem de propósito”, sublinhou o cardeal.
A obra vem “ajudar-nos a descobrir o valor, o sentido e outras dimensões da eucaristia que por vezes a rotina e a habituação com que a celebrávamos porventura nos levava a esquecer”, acrescentou.
“Esta obra vem num momento próprio para a Igreja. Para a Igreja em Portugal vem tentar responder a uma carência que se sentia já antes do tempo de confinamento sanitário”, pois, segundo o cardeal, “sentia-se a falta de uma obra teológica em português sobre eucaristia, com qualidade de flexão, de pensamento, de fundamentação, de visão pastoral e de um teólogo português”.
“No coração da Igreja”, apresentado no Centro Pastoral Paulo VI, é “uma obra de síntese” que “impede reduzir a eucaristia a um mero rito, a uma mera devoção qualquer, a uma oração como qualquer outra”.
O livro destaca-se pela “linguagem acessível, que todos podem compreender” e ajuda a perceber na eucaristia “esta presença de Cristo” que, notou o bispo de Leiria-Fátima, “é tão ignorada por uma grande parte dos cristãos católicos”.
O autor, Carlos Cabecinhas, destacou a obra pela abordagem à relação “entre a eucaristia e a Igreja” e, reconhecendo que “não é um tema de ‘best-sellers’”, desejou que a edição “possa ajudar a aprofundar o conhecimento e o amor à eucaristia.