A empresa Bitcliq, de base tecnológica, assinou nesta quarta-feira, 15, o acordo de investimento que vai permitir que o projeto Lota Digital seja alargado do Porto de Peniche até outros portos nacionais.
Iniciado há ano e meio no Porto de Peniche, e já com mais de 30 embarcações de pesca aderentes, o projeto liderado pela startup das Caldas da Rainha tem como principal inovação a venda de pescado através da plataforma online, logo a partir das embarcações, sem que estas necessitem de descarregar as capturas na lota.
A ideia trata-se de um investimento de um milhão de euros, financiado em 350 mil euros pelo Fundo de Inovação Social, destinado não só a aumentar a rentabilidade do setor, mas também a garantir a qualidade alimentar do pescado junto dos consumidores.
Para Pedro Araújo Manuel, fundador e diretor executivo da Bitcliq, o investimento “é um enorme reconhecimento” do trabalho da equipa, da persistência e da visão que têm “de um futuro mais sustentável para a pesca artesanal e consumidores de pescado fresco de origem natural”.
Ainda na embarcação, os pescadores fornecem diversas informações para a plataforma online, nomeadamente do barco, do tipo de pesca, de controlo de qualidade, a espécie ou calibre, através de aplicações instaladas em telemóveis ou equipamentos informáticos associados a balanças digitais, com câmaras de vídeo incorporadas.
O projeto envolve diferentes empresas parceiras ligadas ao embalamento, transporte e compra de pescado, que vão introduzir ou aceder às informações do pescado, levando-as “até ao prato” dos consumidores.
A empresa tenciona, dentro dos próximos dois anos, alargar o projeto a outros portos nacionais, começando pelo de Sesimbra, e também aos portos espanhóis, depois de ser “desafiado por clientes” do país vizinho.
Durante a assinatura do acordo, o secretário de Estado das Pescas, José Apolinário, afirmou que as lotas já fazem “leilão online” do pescado que, devido à pandemia, passou a ter uma adesão “de 90 para 150 compradores”.
Além de ser “mais um canal de vendas” online, reconheceu que a “lota digital” é um “projeto de inovação para valorizar o produto”, contribuindo para aumentar o preço do pescado e para melhorar o rendimento dos pescadores, tendo a mais-valia de “levar a informação do barco até ao prato” do consumidor.
Já o secretário de Estado do Planeamento, José Gomes Mendes, sublinhou a “incorporação de tecnologia numa área tradicional” da economia.