O cão Yuki é um daqueles exemplos em que o nome conta metade da história. A palavra japonesa significa “coragem” e foi característica fundamental para trazer o patudo até aos dias felizes que hoje vive.
O cruzado de labrador preto foi resgatado pela Associação Protectora de Animais da Marinha Grande (APAMG), no início de maio, com uma pata partida, fruto de um atropelamento.
Depois de uma primeira operação, Yuki ficou a recuperar com uma Família de Acolhimento Temporário (FAT). Mas rapidamente a família Gomes, de Leiria, viria a perceber que Yuki era bem mais do que uma companhia temporária.
“Assim que foi lá para casa foi amor à primeira vista”, conta Cláudia Gomes. O marido, Bruno Gomes, é alérgico ao pêlo de gato, mas a pelagem do patudo de 1 ano não provocou qualquer reação. Parecia ser um sinal.
As filhas do casal, Bruna e Carolina Gomes, também se afeiçoaram em poucos dias ao Yuki. Bruna foi, aliás, uma das impulsionadoras para que a família se inscrevesse como FAT na APAMG.
“Ela adora animais”, conta a mãe. E acrescenta: “Diz que quando viver sozinha a casa dela vão ser só animais”. Yuki é agora o melhor amigo de quatro patas da filha mais nova do casal e “anda sempre atrás dela”.
O que a família não esperava era a informação que recebeu na consulta após a segunda operação do patudo. Cláudia Gomes passou por um trauma semelhante ao do cão quando foi atropelada há dois anos no centro da cidade de Leiria.
Por curiosidade, perguntou à veterinária a data do atropelamento do Yuki e, para surpresas de todos, a data coincide com a do acidente da dona, 12 de maio. Os sinais eram óbvios: o patudo pertencia àquela família.
A adaptação à nova casa correu bem e Yuki está a recuperar conforme esperado. Os donos ajudam com a fisioterapia e ele devolve com muitos mimos.
“Ele é espetacular, não faz necessidades em casa, não ladra, é super meiguinho, no fundo, só quer atenção”, explica Cláudia Gomes.
O único defeito é acordar os donos todos os dias às 6h30 e com a pata pedir para ir à rua. Mas tem brincadeiras muito próprias. “Quando estamos na sala, para chamar a atenção, ele vai ao quarto das minhas filhas buscar uma peça de roupa de cada uma para ter na cama dele. Mas não rói, nem estraga, só fica ali a dormir”, exclama a dona, de sorriso na cara.
Cláudia e Bruno Gomes são proprietários do café Tenda, em Leiria, e tornaram-se recentemente ponto de recolha da APAMG, o que significa que os cidadãos podem ali deixar os seus donativos para serem entregues à associação.