Mais de 400 milhões de maçãs de Alcobaça vão chegar aos mercados nacional e internacional até final de outubro, estima a associação de produtores do fruto certificado, esperando uma redução de 15% em relação à campanha anterior.
O potencial produtivo estimado pela Associação de Produtores da Maçã de Alcobaça (APMA) para a campanha 2020 apontava para uma colheita de 60 mil toneladas do fruto com Indicação Geográfica Protegida (IGP), mas “dois distúrbios climáticos pouco comuns na região, a poucas semanas da campanha, proporcionaram uma redução do crescimento dos frutos e perdas previsionais na ordem dos 15%”, disse hoje à agência Lusa o presidente da APMA, Jorge Soares.
“Dois dias de temperaturas próximas dos 40 graus e granizos pontuais” foram os causadores da redução da produção para cerca de 50 mil toneladas, o equivalente a mais de 400 milhões de maçãs que serão colhidas durante os dois meses da campanha iniciada em 15 de agosto.
Apesar da redução, a APMA espera uma campanha de “muito boa qualidade”, dado as árvores “terem um menor número de frutos e o clima ter sido favorável ao desenvolvimento dos compostos nutricionais e funcionais que tornam a maçã mais rica, mais agradável e mais completa”.
O principal destino da produção são a maioria das cadeias de distribuição nacionais, tanto mais que, tratando-se de um ano de menor quantidade de fruto, “o mercado internacional é mais fortemente ponderado e monitorizado”, disse Jorge Soares.
A APMA estima que haverá necessidade de exportar entre 10 a 20% da quantidade de maçã certificável, conforme as condições de mercado após terminar a campanha de colheita em toda a Europa.
Na campanha de 2020, “o mercado da exportação tem como prioridade apenas manter os destinos conseguidos com sucesso na época passada com a entrada do Club de Exportadores da Maçã de Alcobaça em bolsas pontuais de algumas cadeias de distribuição internacionais”, acrescentou o mesmo responsável, exemplificando com os mercados do Brasil, países árabes e estados africanos, como Angola.
Além destes mercados prioritários, a associação pretende manter as exportações para as ilhas britânicas, a Índia e a Espanha, este último um dos mais recentes mercados conquistados.
A campanha da Maçã de Alcobaça IGP deverá atingir um volume de negócios de 50 milhões de euros .
A associação congrega cerca de 250 empresas produtoras que, ao longo do ano, empregam cerca de 1.000 trabalhadores permanentes, dos quais 5% estrangeiros.
No processo de conservação, de calibragem, de classificação e de certificação nas centrais fruteiras das 20 organizações associadas trabalham anualmente cerca de 1.363 trabalhadores permanentes, dos quais 19% estrangeiros.
Aos trabalhadores permanentes das empresas produtoras somam-se mais 2.500 trabalhadores temporários empenhados no processo de colheita.
Dos trabalhadores envolvidos na colheita, “cerca de 50% são mão-de-obra familiar, 25% mão-de-obra estudantil, 20% são estrangeiros e cerca de 5% de vários outros tipos”, precisou Jorge Soares.
A APMA foi fundada em janeiro de 2001 e é a entidade gestora da Indicação Geográfica Protegida “Maçã de Alcobaça”, que abrange os concelhos de Alcobaça, Nazaré, Óbidos, Caldas das Rainha, Porto de Mós, Batalha, Bombarral, Cadaval, Leiria, Lourinhã, Marinha Grande, Peniche, Rio Maior e Torres Vedras.
A associação criou em 2017 o Clube de Exportadores de Maça de Alcobaça IGP, constituído por sete organizações de produtores que desde 2019 usam uma imagem comum e uma estratégia promocional única, o que resultou num aumento das exportações.