O presidente da empresa municipal Leirisport, que gere o estádio e mais 22 infraestruturas desportivas e de lazer do concelho de Leiria, cessou hoje funções, alegando ausência de condições.
“Renunciei ao cargo a 19 de Outubro, o presidente da câmara concordou, pedindo-me que aguentasse o barco até ao final do ano e eu comprometi-me a fazê-lo na perspectiva de ter colaboração, o que não tem acontecido”, disse Leonel Pontes à agência Lusa.
Leonel Pontes reconheceu que “a gota de água” foi um comunicado da SAD da União de Leiria que na quarta-feira pediu a sua demissão na sequência do “ultimato” da Leirisport, feito no dia anterior, por incumprimento do acordo de utilização da infraestrutura.
A empresa municipal deu um prazo de oito dias à SAD leiriense para pagar uma dívida de 140 mil euros, relativa ao contrato de utilização do estádio nesta época, ameaçando penhorar passes de jogadores e outro património da SAD, admitindo até, em limite, pedir a insolvência da União de Leiria.
Na reacção, a SAD leiriense sugeriu à Leirisport para obter “a declaração judicial da existência da dívida”, considerando que o incumprimento existe, mas da parte do acionista único da empresa municipal, a autarquia.
Segundo a administração da União de Leiria, o município não cumpriu a promessa de “angariar clientes para os camarotes do estádio”, não tendo sido dada “qualquer explicação para tal incumprimento”.
A União de Leiria SAD acusou também a Leirisport de negociar a publicidade para o estádio “por importâncias muito abaixo dos valores de mercado”, defendendo que o “ultimato” pretendeu “iniciar uma campanha de manipulação e intoxicação da opinião pública” com o intuito de “tirar o mérito, diminuir, rebaixar e desmoralizar, na tentativa vã de terminar com a União de Leiria”.
Leonel Pontes acrescentou à Lusa que “não existiam condições para exercer a função com o mínimo de dignidade”, exemplificando com a ausência de resposta, desde Janeiro do accionista da Leirisport, “a propostas de resolução relacionadas com alterações à gestão”.
Para o responsável, o presidente da câmara “não pode andar ‘ad eternum’ a dizer que a Leirisport é uma desgraça”.
“A câmara tem uma participação financeira na empresa, se essa participação não tem o retorno que era esperado, se ficou cara, não tenho culpa, é uma situação com dez anos”, declarou Leonel Pontes.
O mês passado, o presidente do município, Raul Castro, admitiu a extinção da Leirisport, sublinhando que a empresa é “o maior problema” da autarquia.
Raul Castro disse assumir “todos os cenários” em relação ao futuro da empresa, remetendo uma decisão após ser conhecido o resultado do estudo sobre o melhor modelo de gestão dos equipamentos desportivos municipais.
A agência Lusa tentou obter um comentário do presidente da câmara a esta situação, sem sucesso.