Cerca de 150 utentes da extensão de Saúde da Barreira, concelho de Leiria, concentraram-se esta tarde à porta do edifício em protesto contra o seu encerramento.
O serviço fechou em março, no início da pandemia, e não voltou a abrir portas, obrigando os utentes a recorrer ao Centro de Saúde das Cortes para consultas médicas e de enfermagem, cuidados de enfermagem ou pedidos de receituário. A população alega contudo que a unidade das Cortes não tem tido capacidade de resposta, nomeadamente no atendimento telefónico.
Carlos Cunha, morador da Barreira, referiu ter ligado 25 vezes num dia da passada semana e não conseguiu ser atendido. Há quem denuncie ainda o facto de os emails não serem respondidos ou de ter encontrado a porta fechada apesar de ter consulta agendada.
“O acesso ao posto médico das Cortes não melhorou. Pelo contrário, piorou. Posso dizer que num dia, telefonei para lá 25 vezes e não fui atendido”.
Carlos Cunha, utente do pólo da Barreira
A população alerta por outro lado para a inexistência de transporte público direto entre as duas localidades, alegando que seria mais fácil que todos os utentes fossem encaminhados para o Centro de Saúde Dr. Gorjão Henriques, em Leiria, onde estão inscritos metade dos utentes da Barreira.
Os utentes que se mantiveram no ficheiro da Barreira passaram a ser encaminhados para as Cortes, também pólo da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) Colipo.
“Porque é que temos que ir para as Cortes? Não tem lógica nenhuma. Eu tenho transporte, mas quem não tem? Como se desloca para as Cortes? Uma população envelhecida, com poucas possibilidades para se deslocar…”
Raul Ferreira
A população já pediu a intervenção da Junta de Freguesia de Leiria, Pousos, Barreira e Cortes (ULFPBC), e da Câmara de Leiria, mas a falta de uma solução urgente e o receio de que o encerramento do pólo da Barreira – anunciado como temporário – passe a definitivo, levou-a ao protesto de hoje.
Do encontro saiu a decisão de avançarem com um abaixo-assinado a dirigir a diversas entidades, incluindo a ministra da Saúde. Alguns populares manifestaram-se ainda disponíveis para formas de luta mais drásticas para que a unidade seja reativada com um médico, um enfermeiro e um administrativo.
Solidário com a reivindicação da população, José Cunha, presidente da UFLPBC, deu conta aos presentes das diversas diligências e contactos efetuados pela Junta. Segundo explicou, foi informado que a unidade não irá encerrar.
“Já falei com todas as entidades que estavam ao meu alcance. Já falei com os diretores do Agrupamento de Centros de Saúde Pinhal Litoral, com a coordenadora da UCSP Colipo, com o presidente da Câmara, com o deputado Raul Castro, e com o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Sales, que me disse para estar descansado que não há nenhum centro de saúde para encerrar”
José Cunha, presidente da UFLPBC
Ainda assim, anunciou que irá levar à reunião da Assembleia Municipal agendada para sexta-feira, 25 de setembro, uma moção com vista à reabertura imediata da unidade.
(Notícia atualizada às 20h15 com declarações)