Uma linha de comboio de alta velocidade, que permitirá ligar Leiria a Lisboa em 35 minutos, está prevista no Programa Nacional de Investimentos 2030 (PNI 2030), apresentado na quinta-feira, dia 22. Será construída por fases e no sentido norte-sul.
No dia 8 de outubro, o REGIÃO DE LEIRIA publicou em primeira mão a notícia que deu conta da possibilidade de Leiria ser incluída na rede de alta velocidade.
A obra, ainda sem data marcada para começar, custará 4,5 mil milhões de euros, e a velocidade máxima de 300 km/hora será atingida na segunda fase, quando a linha tiver carris de bitola europeia. Este projeto, o que requer mais investimento do PNI 2030, ligará as duas principais cidades do país (Lisboa/Porto) em 1h15.
A infraestrutura começará por receber comboios com velocidades entre os 220 e os 250 km/hora, conjugando a bitola ibérica e a rede convencional, desenvolvendo-se, primeiro, no troço Gaia – Soure, representando metade do trajeto, como adiantou o jornal Público. Mais tarde chegará a Leiria e prosseguirá para Lisboa, recorrendo a um corredor estudado pela RAVE (Rede de Alta Velocidade), situado a oeste da Serra dos Candeeiros.
Para o presidente da Câmara de Leiria e da CIM Região de Leiria, Gonçalo Lopes, “este investimento na ferrovia muda o paradigma da mobilidade em Portugal e na nossa região. Une capitais de distrito e as áreas metropolitanas de Lisboa e Porto e ligará com a Europa”.
No entanto, questiona na sua página no Facebook, “será que o país, o Governo e futuros governos, os líderes dos partidos conseguem concretizar esta revolução? Será que não passará só de papel?”
“Em Leiria irei colocar este investimento no topo das nossas prioridades. Mudará tudo. Será mesmo uma revolução”, conclui o autarca.
A execução do projeto assenta num traçado delineado pela RAVE para a alta velocidade planeada no Governo de José Sócrates, cruzando a linha do Norte em diversos pontos. Mas, ao contrário do então previsto, não será feita de raiz uma nova via férrea em bitola europeia e com traçado para alta velocidade exclusivo para passageiros.
“Com esta nova linha que nos propomos fazer conseguimos que a viagem entre Leiria e Lisboa seja 35 minutos”, afirmou o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, na apresentação do PNI 2030, no contexto de novos investimentos na ferrovia de alta velocidade.
“É uma revolução na forma como o país se relaciona e termos Leiria a meia-hora de Lisboa, Coimbra a meia hora do Porto, são ganhos de facto extraordinários que só tornam mais difícil compreender porque é que perdemos tanto tempo”, considerou o governante.
O primeiro-ministro, António Costa, salientou a necessidade de haver um ”plano muito claro do ciclo de investimento para a próxima década” e realçou a importância de os agentes políticos ao nível nacional, regional, municipal e das áreas metropolitanas estarem cientes das opções fundamentais”.
“O conjunto das empresas concessionárias, sobretudo no sector dos transportes, e o conjunto das empresas do sector da construção, também devem conhecer bem os planos que estão previstos realizar ao longo dos próximos anos, acrescentou.
António Costa sublinhou ainda o peso do sector da construção neste ciclo de investimentos, uma vez que “não há país que produza bens e serviços de alto valor acrescentado e transacionáveis no mercado global sem ser dotado de boas infraestruturas, internas e que assegurem competitividade internacional”.
“É fundamental que este esforço enorme de investimento público que vamos ter não seja simplesmente externalizado para empresas internacionais que aqui vêm desenvolver estas obras, mas que possam ser também uma forma de fortalecer e muscular de novo a nossa indústria de construção que terá de ser robusta como acontece em todos os países modernos, desenvolvidos, competitivos e exportadores”, disse o primeiro-ministro.
O PNI 2030 inclui 85 programas e projetos e o dinheiro que lhes está destinado. Aos transportes e mobilidade destinam-se 21.600 milhões de euros, sendo a ferrovia é a área com maior volume. Ao ambiente destinam-se 7.400 milhões de euros, à energia, 13 mil milhões de euros e ao regadio 750 milhões de euros.
Segundo o Governo, as três linhas estratégicas do PNI 2030 são a coesão, a competitividade e inovação, e sustentabilidade e ação climática.