Carlos Vieira, o ciclista-bombeiro de Leiria, quatro vezes recordista do mundo, morreu hoje, 15 de dezembro, às 12h40, confirmou a família.
Carlos Vieira, 68 anos, estava internado há cinco dias no Hospital Santo André, em Leiria, depois de se ter sentido subitamente cansado. A situação foi revelada pelo próprio no Facebook, dia 12, numa publicação em que dava a entender ter acusado positivo à covid-19 e pedia forças para “vencer esta terrível maratona”.
Segundo um familiar, o ciclista e bombeiro estava debilitado por um quadro clínico que o tinha obrigado a várias intervenções nos últimos tempos, não tendo resistido ao contágio com covid-19.
Américo Vieira, ciclista e colega de equipa de Carlos Vieira na União de Ciclismo de Leiria, ficou abalado com a notícia:
“Estou sem palavras e sem forças. É perder um irmão dos grandes. Andámos sempre juntos, uma vida inteira”, disse Américo Vieira.
Em nota divulgada hoje, o município de Leiria “lamenta profundamente” o falecimento de Carlos Vieira e lembra os feitos do ciclista, que “inscreveu o seu nome por diversas vezes no Guinness Book, sempre por feitos relacionados com resistência em bicicleta”.
Natural de Leiria, Carlos Vieira foi bombeiro durante cerca de 30 anos nos Bombeiros Municipais de Leiria – atualmente Bombeiros Sapadores – corporação em que ingressou em 1978, sendo esta uma causa que sempre defendeu com grande fervor.
O ciclismo foi outra paixão que o acompanhou ao longo da sua vida, tendo representado clubes como F.C. de Alverca, Sporting Clube de Portugal, Flores do Liz, G.D. Cela, Bairro dos Anjos, Núcleo Sportinguista de Leiria, Casa do Benfica de Leiria e a União de Ciclismo de Leiria.
Vencedor de dezenas de provas, Carlos Vieira ficou mundialmente conhecido em 1983 quando se tornou recordista mundial de resistência, tendo pedalado durante 191 horas sem parar.
Efetuou várias vezes a ligação entre Fátima e o Vaticano em bicicleta, tendo sido recebido em 1986 por João Paulo II, em 2014 pelo Papa Francisco, e em 2017 novamente pelo Papa Francisco.
Efetuou também a ligação a várias cidades geminadas com o Município de Leiria, como Olivença, Saint-Maur-des-Fossés, Quint-Fonsegrives, Rheine e Olavarría, em bicicleta.
Citado no comunicado do município, o presidente da Câmara de Leiria enalteceu Carlos Vieira enquanto “cidadão exemplar” e “grande embaixador de Leiria”.
“Seja como bombeiro, seja como grande campeão que era, projetou, como poucos, a imagem de Leiria por todo o mundo. Onde quer que fosse, Carlos Vieira falava sempre com grande orgulho da sua cidade, Leiria”, afirma Gonçalo Lopes.
“O nosso concelho ficou mais pobre com a partida de um membro muito querido da sua comunidade”, acrescenta o autarca.
O funeral de Carlos Vieira realiza-se amanhã, quarta-feira, 16 de dezembro, com missa campal a partir das 14h30, no Cemitério de Leiria. Será sepultado no talhão dos Bombeiros de Leiria, disse ao nosso jornal, o comandante José Rito.
Devido às restrições impostas pela Covid-19, os 60 homens que integram a corporação não vão poder render-lhe a homenagem que desejariam e que Carlos Vieira merecia. José Rito sublinha que, apesar de já se ter aposentado há mais de 10 anos, “foi um bombeiro que sempre enalteceu a nossa casa”. O ginásio dos Bombeiros Sapadores de Leiria tem o seu nome e aí se encontra também um busto inaugurado há vários anos.
“É uma pessoa por quem temos muita consideração e carinho. Sempre elevou o nosso nome e o da cidade, até ao último dia”, salientou o comandante que recebeu a notícia da morte de Carlos Vieira como “uma cacetada”.
Miguel José disse:
Morreu de Covid ou de falta de assistência a outras doenças que também tinha? Não faltam queixas de que todas as outras doenças deixaram de receber assistência médica por causa do Covid. Afinal de contas morreu de Covid ou de falta de assistência a outras doenças ?