O Bloco de Esquerda alertou para a falta de meios dos bombeiros da Nazaré, que há cinco anos não recebem equipamentos de proteção individual e desde 2017 aguardam a reposição de viatura perdida nos incêndios de Pedrógão Grande.
As queixas transmitidas pela Associação Humanitária dos Bombeiros da Nazaré ao Bloco de Esquerda (BE) são a base de uma pergunta ao Governo em que os deputados bloquistas consideram que a promessa de dotar a associação da “verba necessária para a compra de um novo equipamento” não passou de “meras intenções”.
Em causa está um carro de combate que a corporação do concelho da Nazaré, no distrito de Leiria, perdeu “numa intervenção no incêndio florestal de Pedrógão Grande, em 2017”, e que até hoje não foi reposta, limitando, segundo a pergunta divulgada hoje pelo BE, a capacidade de intervenção do corpo de bombeiros.
O partido dá nota de mais uma queixa dos dirigentes e profissionais da associação de que “há cinco anos não recebem equipamentos de proteção individual (EPI) para o combate a incêndios”, situação sobre a qual os deputados já haviam questionado o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, aquando do debate em especialidade do Orçamento do Estado para 2021.
Perante a “ausência de resposta”, o BE voltou a perguntar ao Governo quando prevê “a reposição do prometido carro de combate aos incêndios florestais”, uma vez que a atual pandemia de covid-19 “veio demonstrar mais fortemente as insuficiências do financiamento à corporação”.
“Segundo a direção dos Bombeiros Voluntários da Nazaré, a covid-19 veio aumentar fortemente as despesas da corporação e reduzir as suas receitas”, pode ler-se no documento, em que o BE explica que “as despesas aumentaram com as aquisições e desinfeções de equipamentos de proteção, assim como com novas necessidades de transporte”.
Já as receitas “diminuíram com a redução de solicitações remuneradas pelos hospitais, situação que se agravou ainda com o aumento dos atrasos de pagamento dos mesmos”.
O BE sublinha a importância das corporações de bombeiros, que “com o avançar do processo de alterações climáticas” enfrentam “um desafio crescente” com o surgimento de “eventos extremos cada vez mais severos e frequentes”.
No caso do distrito de Leiria, exemplificam, com os grandes incêndios de junho e outubro de 2017, e com o furacão Leslie, em outubro de 2018, “foram percetíveis as muitas fragilidades do sistema de proteção civil local e nacional, nomeadamente ao nível da qualificação dos agentes e na manutenção e renovação de equipamentos”.
De acordo com o BE, “também ao nível dos quadros de pessoal as insuficiências foram muitas, pois as Equipas de Intervenção Permanente cobrem apenas oito horas diárias de trabalho entre segunda e sexta-feira”.
Por isso, o partido quer saber se o Governo está disponível para reforçar o número de equipas no distrito de Leiria, bem como se tem previstas medidas para garantir maior qualificação dos agentes, profissionais e voluntários a nível local.
No que diz respeito à formação profissional, é referido, os Bombeiros Voluntários da Nazaré “consideraram fundamental existir um programa de formação a nível local”, entendendo-se que “a Escola Nacional de Bombeiros não desempenha o papel que devia, pois direciona parte substancial da sua atividade para garantir formações remuneradas em empresas em vez de apostar na qualificação dos bombeiros”.