No meio de tudo o que vivemos, REV é uma coisa boa que a pandemia vos trouxe?
A REV existiria com ou sem pandemia. Obviamente, o facto de estarmos infelizmente com tempo livre – tínhamos muitos concertos marcados – deu-nos mais tempo para trabalharmos neste projeto. Mas desde isto andava na nossa cabeça. Há muito tempo que achamos que temos um catálogo ‘escondido’ e um catálogo que era facilmente encontrado nas outras redes e outras plataformas, que poderiam ser aglomerados numa coisa nossa. Se nos anos 90 fomos uma voz contra a ditadura de gosto que existia com as editoras, não faz sentido nos anos hoje estarmos perante uma ditadura de Youtube, de Facebook, de Spotify, de números muitas vezes duvidosos, de polegares para cima sem se saber bem o que é esta ditadura do gosto. Sempre achámos que, mais tarde ou mais cedo, teríamos de fazer algo para por dedos nessas feridas abertas na indústria. Hoje em dia marcam-se festivais pela quantidade de likes, pela quantidade de views e parece-me que se falha um bocadinho naquilo que importa: a música e a carreira das bandas. Isto [REV] é também um grito de revolta em relação a isso.
Nuno Gonçalves: “A REV é também um grito de revolta”
Independência foi sempre uma questão de princípio para os The Gift. O lançamento de REV sublinha essa marca de personalidade da banda de Alcobaça. O teclista e compositor explica a aposta na plataforma original onde, para além de disponibilizada toda a música composta em 25 anos, os quatro elementos se relevam para lá da música.