O projeto “Ombro Amigo”, da Fundação Dr. Agostinho Albano de Almeida, quer tirar 150 pessoas da situação de isolamento no concelho de Ourém, no distrito de Santarém.
“O projeto tem como meta tirar 150 pessoas da situação de isolamento, mas eu quero acreditar que daqui a dois anos retirámos 500”, afirmou esta terça-feira, dia 23, coordenadora do projeto, Joana Calado.
Segundo a psicóloga o objetivo é, “essencialmente, o combate ao isolamento, não só o isolamento físico, mas também social, emocional e psicológico”.
“A par disto, o beneficiário tem de estar em situação de vulnerabilidade social”, declarou a coordenadora, referindo que no “Ombro Amigo” está “a dar consultas a pessoas que foram sinalizadas por entidades do concelho” às quais foi divulgada a iniciativa.
Joana Calado destacou o “caráter inovador” do projeto, no qual, através de uma plataforma online, qualquer pessoa se pode inscrever numa bolsa de voluntariado, que também serve para os beneficiários.
“Temos um senhor reformado por invalidez que vive sozinho e procurou a nossa ajuda. Conseguimos colocá-lo a fazer voluntariado numas estufas”, adiantou, explicando que a plataforma permite, por outro lado, a pessoas da comunidade, inscreverem-se e oferecerem o seu trabalho.
“Tanto podemos colocar os beneficiários que acompanhamos, como recebemos voluntários para atividades. Já colocámos várias pessoas no mundo do trabalho e a fazer voluntariado”, esclareceu Joana Calado.
Atualmente, “pouco mais de uma centena de pessoas” estão a ser acompanhadas no âmbito desta iniciativa.
“Estamos a acompanhar muito mais gente nova, sendo que o nosso objetivo é 70% de pessoas com mais de 65 anos”, notou.
“São pessoas, primeiramente, em situação de vulnerabilidade social, emocionalmente isoladas, algumas idosas. Acompanhamos também uma série de jovens que foram sinalizados pela escola e que estão em situação de absentismo escolar ou comportamentos desviantes”, exemplificou.
Uma das características do projeto passa pela deslocação a casa dos beneficiários, prestar-lhes apoio psicológico ou ir com eles às compras ou a consultas médicas, mas com o agravamento da pandemia deixou de ser feita.
Idealizado em 2019 e candidatado ao programa Portugal Inovação Social, o “Ombro Amigo” foi desenvolvido pela fundação “com base nas necessidades sentidas ao longo da sua experiência no âmbito social”.
O resultado da candidatura chegou no início de 2020, quando também chegou a pandemia de covid-19, pelo que foi deixado “em suspenso” e iniciado depois em agosto, com Joana Calado, uma técnica de serviço social e mais uma psicóloga.
O projeto, de cerca de 265 mil euros, teve um financiamento de 70% do Portugal 2020, sendo que a restante verba é assegurada por parceiros sociais, neste caso empresas e Câmara de Ourém.
Desenvolvido para três anos, “termina supostamente em 31 de dezembro de 2022”.
“Não vamos recuperar os oito meses, mas tenho alguma esperança de que o Portugal Inovação Social permita que se estenda por mais dois, três meses, para podermos concretizar todos os objetivos a que nos propusemos aquando da candidatura”, adiantou.
A sede do “Ombro Amigo” é na Rua dos Combatentes da Grande Guerra, na cidade de Ourém. Além desta resposta, a Fundação Dr. Agostinho Albano de Almeida, cujas raízes remontam a 1891, tem lar de idosos, centro de dia, apoio domiciliário, cantina social, lar de infância e juventude e Serviço de Atendimento e Acompanhamento Social, de acordo com informação disponibilizada no seu ‘site’.