A delegação distrital de Leiria da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) alerta para os riscos dos Censos 2021 decorrerem “numa situação epidemiológica muito delicada”, devido à pandemia de Covid-19, sugerindo o seu reagendamento.
“Estamos perante a maior operação estatística promovida em Portugal, envolvendo mais de 15 mil pessoas e onde os autarcas de freguesia vão assumir um papel determinante”, informa uma nota de imprensa da associação divulgada esta terça-feira, dia 23.
Reconhecendo “a importância destes Censos, para a atualização da informação oficial nacional”, a ANAFRE/Leiria avisa para “o facto de este processo se desenrolar no terreno previsivelmente ao longo de oito semanas, já no próximo mês de abril”.
“Os recenseadores vão andar de porta a porta a entregar formulários, tendo obrigatoriamente de entrar em contacto com as pessoas que vivem em cada habitação e registar a caracterização dos respetivos agregados familiares”, explica.
Segundo a delegação distrital, liderada por Pedro Pimpão, também presidente da Junta de Freguesia de Pombal (Leiria), nesta operação censitária “cada recenseador vai ter o dobro do trabalho porque, enquanto há 10 anos tinha de acompanhar 300 alojamentos, agora, cada um vai ter um aumento para 600 alojamentos”.
“Destacamos o enfoque previsto no aumento da divulgação e no apelo à resposta da população pela internet”, lê-se na nota, assinalando, contudo, que, “apesar do esforço para tornar o processo censitário mais digital, vai continuar a ser essencial o contacto de proximidade, com todos os riscos associados”.
Para a ANAFRE/Leiria, neste processo “é muito importante garantir a segurança, quer dos recenseadores, quer da população”, pelo que defende que “seria muito mais avisado, em vez de realizar este processo já em abril”, fazê-lo “uns meses mais à frente”, quando, previsivelmente, Portugal já estará “melhor do ponto de vista da evolução epidemiológica e onde os dias são maiores, o que facilita a tarefa dos recenseadores que vão ter de andar diariamente porta a porta”.
“Este hiato de tempo seria importante para prepararmos melhor este processo e para intensificarmos a divulgação junto da nossa população, para que todos estejam devidamente informados e sejam envolvidos neste desígnio coletivo”, adianta a associação.
Na segunda-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) anunciou ter recebido cerca de 60 mil candidaturas para recenseadores no âmbito do Censos 2021 e adiantou que a seleção ficará a cargo das autarquias e será feita em março.
“Após a seleção, os recenseadores vão adquirir o conjunto de conhecimentos necessários ao desempenho das suas funções nos Censos 2021”, revelou o INE.
Os Censos 2021 terão início em abril e serão realizados preferencialmente pela Internet.
“A partir de 05 de abril, todos os alojamentos vão receber uma carta com a informação necessária para a resposta aos Censos 2021 pela Internet distribuídas pelos recenseadores”, explicou o INE.
O instituto referiu ainda que o contexto de pandemia vai obrigar a um plano de contingência “de modo a prevenir riscos para a população, recenseadores e demais colaboradores, bem como garantir a qualidade da execução da operação estatística”.
Entre as medidas previstas para a redução de riscos de contágio estão a opção preferencial pela recolha de informação pela Internet, criando uma linha telefónica de apoio à população; a possibilidade de responder ao Censos 2021 por telefone, uma opção “dirigida essencialmente a grupos da população com maior dificuldade na resposta pela Internet ou impedidos de contacto presencial, nomeadamente por razões de saúde pública”.
Para os casos em que o contacto presencial não possa ser substituído será adotado “um rigoroso Protocolo de Saúde Pública, que descreve as medidas de segurança a aplicar”.