Três vereadores da Câmara Municipal de Pedrógão Grande votaram a retirada de parte das competências ao presidente da autarquia, Valdemar Alves, numa reunião de executivo que decorreu no final de fevereiro.
O autarca tinha ficado sem maioria no executivo desde que, em janeiro de 2020, retirou os pelouros à vereadora Margarida Guedes, que tinha sido eleita nas listas do PS e que agora votou para que alguns dos dossiês nas mãos do autarca voltassem ao executivo.
A favor da retirada das competências que, normalmente, a câmara delega no presidente no início de cada mandato para agilizar processos, votaram também dois vereadores do PSD.
Um deles é João Marques, que depois de ter suspendido o mandato como vereador tentou regressar à autarquia em 2020. Valdemar Alves opôs-se, mas uma decisão do tribunal obrigou a Câmara a aceitar a reintegração do vereador.
João Marques explica ao REGIÃO DE LEIRIA que, ao retirar as competências que tinham confiado ao presidente, os vereadores estão a tomar medidas para não serem “apanhados de surpresa”.
O presidente eleito pelo PS “deixou de prestar contas à Câmara Municipal”, diz o vereador social-democrata. Dá o exemplo de obras que passam apenas pelas mãos do presidente, sobre as quais os vereadores não tinham qualquer informação sobre o que estava a acontecer”, lamenta.
Margarida Guedes confirma: “Já há algum tempo o senhor presidente não refere em reunião de câmara situações que eu entendo que devem ser do conhecimento dos vereadores”. Nomeadamente projetos de grande impacto financeiro que são levados à Assembleia Municipal sem antes passarem pela reunião de executivo, nota. “Esta retirada das competências não inviabiliza que ele continue a trabalhar, mas faz com que ele leve à reunião mais documentação”, sublinha a vereadora.
A motivação para a posição dos vereadores, avalia o presidente da autarquia, é o período eleitoral que se avizinha. Por escrito e por intermédio de um assessor, Valdemar Alves lembra que as competências que agora lhe foram retiradas, tinham passado para a sua esfera “para que a gestão fosse mais eficiente e célere, evitando-se assim demoras e burocracias”.
E acrescenta: “A decisão dos vereadores Margarida Guedes, João Marques e Raúl Garcia só acontece agora porque estamos em ano de eleições, mas vai prejudicar o Município de Pedrógão Grande”.
O presidente, que não revelou ainda se vai concorrer a um terceiro mandato, acusa ainda os vereadores de serem uma “força de bloqueio ao investimento e desenvolvimento” e que a população “retirará daí as suas conclusões”.