Quatro séculos separam as palavras escritas por Francisco Rodrigues Lobo das músicas criadas por Rita Redshoes. Mas o que à partida seria um desafio exótico, revelou-se uma frutuosa experiência criativa, assume a cantora e compositora, que este domingo fecha o Ronda Leiria Poetry Festival com música que fez para as palavras do poeta de Leiria.
“A Ana Ventura Miranda”, uma das curadoras do festival, “ligou-me com este desafio. Ela sabe que fico contente por poder ir para zonas menos feitas para mim, para me redescobrir, e aceitei com todo o gosto”, conta Rita Redshoes.
Pediram-lhe que lesse a poesia de Rodrigues Lobo e a musicasse. “Não era conhecedora da obra mas li, gostei imenso e achei bastante musical”. Escolheu três poemas, e um outro de Alexandre O’Neill que as palavras de Francisco Rodrigues Lobo lhe sugeriram, e compôs quatro temas.
“Deu-me muito gozo. Há uma ingenuidade, uma candura e uma sabedoria intrínseca de Francisco Rodrigues Lobo, que revela um sentido de observação muito apurado”.
A ligação à natureza e ao mundo animal das palavras do poeta de Leiria cativaram-na e levaram-na a escolher o omnichord para as canções. “Tem um som um bocadinho etéreo e infantil com que gosto muito de trabalhar. Fui brincando com os poemas e o instrumento e casam muito bem, faz todo o sentido”.
O resultado, gravado no Castelo de Leiria com “num sítio com uma vista lindíssima sobre a cidade”, é revelado este domingo, 21 de março, às 22 horas, no Facebook de Ronda Leiria Poetry Festival.