A Câmara de Porto de Mós vai reabilitar o imóvel Casa dos Calados, onde foi fundada no século XVIII a Real Fábrica do Juncal, um investimento de 1,3 milhões de euros para criar residências artísticas, entre outras valências.
Numa nota de imprensa, o município explica que a recuperação do espaço vai ocorrer “passados praticamente 19 anos após a aquisição do edifício por parte do município”.
“Desta forma, será devolvido à população do Juncal e, em geral, ao concelho de Porto de Mós, um espaço de memória que atualmente se apresenta muito degradado e que constitui um dos mais importantes testemunhos da afirmação socioeconómica da freguesia, nomeadamente a Real Fábrica do Juncal, ali fundada em 1770”, refere.
Segundo a mesma nota, “a reabilitação do edifício, assente em princípios de sustentabilidade, albergará um conceito de residências artísticas, com inclusão de espaços de ‘cowork’ e ateliês para ofícios relacionados nomeadamente com a cerâmica e o junco, atividades com forte afirmação e tradição nesta vila”.
“Serão, igualmente, recriadas atividades da antiga Real Fábrica do Juncal, bem como a realização de ‘workshops’ que funcionarão em paralelo com uma biblioteca (mediateca) e um museu de louça e cerâmica”, esclarece.
De acordo com o município, está prevista a construção de um laboratório alimentar no antigo lagar e a criação de “uma sala ampla no edifício principal, designado de salão nobre, onde poderão ser realizados eventos”.
“A Fábrica do Juncal foi fundada em 1770 por José Rodrigues da Silva e Sousa, natural dos Milagres (Leiria), mas descendente de juncalenses”, refere a autarquia, na sua página.
Segundo a autarquia, “a importância que a fábrica foi adquirindo levou o seu fundador, em 1782, a dirigir à rainha D. Maria I uma petição para usar as Armas Reais por cima da porta da fábrica, graça que lhe foi concedida em 28 de setembro de 1784”.
A fábrica foi destruída no decurso das Invasões Francesas, mas, “em 1811, José Rodrigues voltava a reconstruir tudo de novo, fazendo sociedade com José Luís Fernandes da Fonseca”.
“Em 1837, a Fábrica do Juncal, continuava a figurar nas estatísticas como a única fábrica de louça branca do distrito, tendo, por morte de José Rodrigues, em 1824, passado para a posse do seu sócio”, adianta o município.
A fábrica “pertenceu ainda a mais duas gerações da família, tendo sido administrada por Bernardino da Fonseca e depois por seu filho José Calado da Fonseca, que viria a encerrá-la no ano de 1876 para se dedicar à agricultura”, lê-se no ‘site’.
Porém, “a atividade cerâmica no Juncal e na região perdura até aos nossos dias, sendo o Juncal conhecido por esta atividade”.