O índice de transmissibilidade (Rt) do novo coronavirus em Portugal continua a subir situando-se hoje em 0,93, enquanto a incidência desceu para 75,7 novos casos de infeção por 100.000 habitantes, segundo dados oficiais.
De acordo com o boletim conjunto da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), o Rt é de 0,93 em Portugal continental e ilhas e de 0,92 quando considerado apenas o continente.
No que respeita à incidência de novos casos de infeção com SARS-CoV-2, os dados revelam que esta situa-se nos 66,8 casos por 100.000 habitantes se for considerado apenas o continente.
A incidência refere-se ao número de novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias.
No último boletim, em 24 de março, Portugal registava uma incidência de 77,6 novos casos de infeção com SARS-CoV-2 por 100.000 habitantes e um Rt de 0,91.
O índice de transmissibilidade tem vindo a crescer gradualmente enquanto a incidência tem registado uma descida.
Estes indicadores são os critérios definidos pelo Governo para a avaliação contínua do processo de desconfinamento iniciado em 15 de março.
Em 11 de março, na apresentação do plano de desconfinamento, o primeiro-ministro, António Costa, avisou que as medidas da reabertura serão revistas sempre que Portugal ultrapassar os “120 novos casos por dia por 100 mil habitantes a 14 dias” ou sempre que o Rt – o número médio de casos secundários que resultam de um caso infetado pelo vírus – ultrapasse 1.
Desconfinamento a conta-gotas, lento e cauteloso
A ministra da Presidência pediu hoje aos portugueses para que mantenham durante o período da Páscoa “um desconfinamento a conta-gotas, lento e cauteloso” para garantir que as restantes fases se concretizem a partir de 5 de abril.
“Sabemos bem que o período de Páscoa é um período de tradicional reunião familiar, que as práticas de todos os portugueses são de ir ao encontro da sua família neste período. Mas essa não pode ser a regra nesta Páscoa”, disse Mariana Vieira da Silva, em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros.
A ministra avançou que “a regra nesta Páscoa é de prosseguir um desconfinamento a conta-gotas, lento e cauteloso para se poder continuar a garantir o que estava previsto” no combate à pandemia de covid-19.
“Para poder garantir que todas as crianças vão às escolas, para garantir que as lojas abram dia 5, para poder garantir que as esplanadas podem abrir a partir do dia 5 e que na quinzena seguinte possam abrir também os restaurantes e as atividades culturais. Para isso precisamos de nos manter nesta zona verde, precisamos de nos manter em segurança, precisamos de cumprir as regras até lá”, precisou.
A ministra recordou que, para o período da Páscoa, está em vigor a proibição de circulação entre concelhos e o dever é de ficar em casa.
Mariana Vieira da Silva disse ainda que se “olha com contentamento para o facto da incidência (de novos casos de covid-19) se ter reduzido nos 15 dias da primeira fase de desconfinamento”, sendo o sinal que se queria manter, mas é necessária cautela.
A regresso dos alunos às escolas depois da Páscoa, a05 de abril, está dependente da evolução da pandemia em Portugal.
A decisão sobre o regresso dos alunos do 2.º e 3.º ciclos às escolas, para retomar o ensino presencial, só será conhecida dentro de uma semana, a 1 de abril, anunciou a ministra de Estado e da Presidência.
“As escolas abertas são uma prioridade e não será, em princípio, pelas escolas que se iniciará qualquer processo de desaceleração de desconfinamento ou de confinamento, mas não vale a pena antecipar hoje o que acontece dia 5”, sublinhou a ministra.
Nesse sentido, a ministra lançou um alerta: A decisão “está dependente do comportamento das pessoas”, ou seja, está dependente da evolução da pandemia de covid-19 e da forma como evolui a incidência de novos casos de infeção e a taxa de contágio (Rt).
Se fosse hoje, em que o Rt continua abaixo de 1 e a incidência permanece baixa, o plano de desconfinamento não sofreria qualquer alteração: “Se tivéssemos hoje de decidir, poderíamos prosseguir”, garantiu a governante.
O Governo decidiu por isso esperar até dia 1 de abril e, com dados mais atualizados sobre a situação pandémica, tomar uma decisão: “O Governo decidiu hoje não tomar decisões sobre dia 5 e guardar as decisões para dia 1, quando tivermos mais dados sobre estes indicadores”, reiterou.
O plano de desconfinamento prevê que os alunos do 2.º e 3.º ciclo voltem a ter aulas presenciais a 5 de abril e que os estudantes do ensino secundário e superior regressem às suas escolas a 19 de abril.
Em causa está também a prevista reabertura dos restaurantes e atividades culturais. “Precisamos de nos manter nesta zona verde, precisamos de nos manter em segurança, precisamos de cumprir as regras até lá” para que o plano se mantenha, reforçou Mariana Vieira da Silva.
A ministra recordou os dados de 9 de março e de 25 de março que mostram que “a evolução é positiva” mas sublinhou que é preciso “ficar alerta”.
Lusa
Foto de arquivo: Joaquim Dâmaso