O fotojornalista Nuno André Ferreira, que trabalha na agência Lusa, conquistou o terceiro lugar na categoria ‘Spot News’ do prémio internacional de fotografia World Press Photo, com um trabalho sobre incêndios em Oliveira de Frades, foi hoje anunciado.
A organização do World Press Photo anunciou hoje os 45 vencedores de 28 países, selecionados entre os finalistas em várias categorias, desde assuntos de sociedade, política, natureza, desporto, entre outros, do prémio internacional de fotografia e fotojornalismo.
A imagem do fotógrafo, natural de Marrazes (Leiria), Nuno André Ferreira que esteve nomeada no concurso foi captada em setembro de 2020 e mostra, em dois planos, uma criança dentro de um carro, e ao longe o recorte das chamas num incêndio que começou em Oliveira de Frades (Viseu) e se estendeu pelos concelhos vizinhos.
O prémio da Fotografia do Ano foi para uma imagem captada pelo fotógrafo dinamarquês Mads Nissen, a 5 de agosto de 2020, da brasileira Rosa Luzia Lunardi, de 85 anos, a ser abraçada pela enfermeira Adriana Silva da Costa Souza, no lar Viva Bem, em São Paulo, no Brasil.
Foi o primeiro abraço que a idosa recebeu em cinco meses, e, mesmo assim, devido à pandemia, através de uma cortina de plástico especial, transparente, que permite o contacto sem contágio.
Nuno André Ferreira, nascido em 1979, em Marrazes, Leiria, vive em Viseu e trabalha com a agência Lusa desde 2009, e o seu trabalho tem sido premiado, nomeadamente em 2019 quando venceu por unanimidade o Prémio Rei de Espanha de Jornalismo, com a fotografia “O Nosso Presidente Marcelo”, publicada pela agência Lusa em 19 de outubro de 2017.
No início de março deste ano, quando foram anunciados os nomeados para as várias categorias do concurso, o fotojornalista Nuno André Ferreira disse ver a nomeação para os prémios World Press Photo como “uma recompensa pela missão dos fotojornalistas em tentarem chegar aos leitores através das imagens”.
“Escolhi aquela fotografia, porque há ali um contraste entre a ternura de uma criança e o incêndio, que é uma coisa tão má. E vemos ali uma criança dentro do carro, que parece que está imune àquilo tudo, porque também ela não percebe o que se passa à volta dela”, explicou o fotojornalista, em declarações à Lusa.
A reportagem foi feita numa aldeia do concelho de Oliveira de Frades, num incêndio em que, durante a tarde, tinha morrido um bombeiro.
“Nós também temos a nossa missão, que é esta: é mostrar, é andar na rua. É quase como ter uma guerra e não ter ninguém a cobri-la, porque ficámos em casa com medo. Podemos ter medo, devemos ter, porque o medo acaba por ser um aliado para nos podermos salvaguardar, mas a nossa missão é esta. É tentar chegar às pessoas que não estão lá, é tentar transmitir alguns sentimentos, é tentar levar as emoções, é mostrar no dia a seguir às pessoas aquilo que tu viste e presenciaste”, resumiu.
O trabalho do repórter foi reconhecido com o Prémio Rei de Espanha de Jornalismo 2019, com o prémio da Aliança das Agências de Notícias do Mediterrâneo em 2014 e nos prémios Estação Imagem em 2010.
Com Lusa